A hora em
que o ladrão virá... (Lc
12,39-48)
Estranho?
O Senhor se comparar a um ladrão? O mesmo Senhor que, no Calvário, convida
outro ladrão a inaugurar o Paraíso, fechado desde Gênesis 3?
Pois é assim que as coisas são: nosso
Deus – que veio, vem e virá – fala de sua Vinda como a irrupção inesperada de
um assaltante na escuridão da noite. Quando as sentinelas da cidade, em vigília
sobre a muralha de pedra, anunciarem: “Paz e segurança!”, nesse mesmo instante
seremos acordados do sono pelo advento do Senhor e Juiz universal...
Eis
o mistério de fé que proclamamos ao rezar o Símbolo dos Apóstolos: “Creio em
Jesus Cristo [...], que está sentado à direita de Deus Pai, de onde há de vir a
julgar os vivos e os mortos.” Um juízo que será uma separação entre
benditos e malditos, eleitos e condenados, cordeiros e bodes (pois Jesus usou a
imagem dos pastores ao final do dia, separando os carneiros, que têm capotes
naturais de lã, dos cabritos, que deveriam dormir sob a proteção do curral).
Quando
será o juízo? Quando virá o Juiz? Temos a resposta no “Catecismo da Igreja
Católica” (673): “A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é
iminente, embora não nos ‘caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai
fixou com sua própria autoridade’ (At 1,7). Este acontecimento escatológico
pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam ‘retidos’ tanto ele como a
provação final que há de precedê-lo.” E ainda: “No dia do juízo, por ocasião do
fim do mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo definitivo do bem
sobre o mal, os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos ao longo da
história.” (C.I.C., 681.) Este “dia” será a ocasião para glorificação
definitiva do Filho de Deus, após as etapas de sua ressurreição e ascensão.
Na
verdade, o “dia do juízo” pode ser o dia de nossa morte. Trata-se, então, do
“juízo particular”, que define de uma vez por todas o nosso destino eterno.
Conforme a Carta aos Hebreus, “está determinado que os homens morram uma só
vez, e logo em seguida vem o juízo”. (Hb 9,27.) O cristão sabe que não pode
transferir para uma hipotética reencarnação o seu “acerto de contas”. Por isso
mesmo, confere ao tempo de vida o seu devido valor. Atento ao iminente advento
do Senhor, o cristão vive no tempo com os olhos no eterno.
Orai sem cessar: “Minha alma espera pelo Senhor,
mais
ansiosa do que os vigias pela manhã.” (Sl 130,6)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário