Vim trazer a divisão... (Lc 12,49-53)
Em
tempo de conflitos motivados por diferenças religiosas, este Evangelho se
mostra inteiramente atual: a pessoa de Jesus Cristo torna-se um divisor de
águas. E de pessoas...
Quando
Edith Stein [1891-1942] – judia, discípula de Husserl, primeira mulher a
assumir uma cátedra universitária na Alemanha – deu o salto do ateísmo para o
cristianismo, sua família a rejeitou, vendo-a como traidora da herança judaica.
Curiosamente, foi na biblioteca de um casal amigo, cristãos protestantes, que
Edith – hoje Santa Teresa Benedita da Cruz, carmelita – encontrara por acaso a
autobiografia de Santa Teresa de Ávila, onde ela percebeu pela primeira vez um
lampejo da Verdade que é Cristo.
Neste
início de Séc. XXI, permanece viva a profecia de Jesus: a passagem de um hindu
ou muçulmano para o cristianismo chega a ser punida com a morte. De modo geral,
o cristão é ali considerado como cidadão de segunda classe. Em especial nas
comunidades islâmicas, a situação parece agravar-se com o tempo. A mídia
deveria acentuar a diferença de atitudes, pois nenhum grupo cristão faz as
mesmas ameaças a quem opta por trocar os Evangelhos pelo Alcorão...
Por
outro lado, conheço situações em que um cristão foi considerado indesejável e logo
expelido pelo ateísmo reinante entre nós. Amigo meu, engenheiro de uma empresa
estatal em Belo Horizonte, foi demitido por ter pendurado um crucifixo na
parede de sua sala. Outro amigo, na mesma cidade, sócio de uma escola
particular, viu um dos sócios jogar na cesta de lixo a Bíblia que ele tinha
sobre a mesa. Prof. Vicente recolheu sua Bíblia, esvaziou as gavetas e nunca
mais pisou naquele colégio...
Santo
Agostinho [354-430 d.C.] já havia traçado os limites entre as duas “cidades”: a
cidade de Deus, edificada no amor, e a cidade do homem, alicerçada na cobiça.
Jesus Cristo permanece acampado sobre os muros que as separam. E tudo indica
que esse antagonismo se agravará sempre mais.
Edith
Stein morreu nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau
como outros milhões de judeus sacrificados pelo nazismo e pelo comunismo. A
proposta trazida por Jesus – um mundo de irmãos, filhos do mesmo Pai, dispostos
a partilhar seus bens e seus dons – não interessa a nenhum totalitarismo. Entre
estes, o totalitarismo do capital...
Orai sem cessar: “Por amor a meus irmãos, direi: ‘Paz para
ti!’” (Sl 122,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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