Dar testemunho da Luz... (Jo 1,6-8.19-28)
João Batista, o
precursor de Jesus, veio ao mundo com uma missão específica: apontar para o
Cordeiro de Deus, o Cristo Senhor. Identificá-lo como o Messias esperado. E de
fato, logo após reconhecer Jesus, às margens do Jordão, o Batizador é preso por
Herodes e sai de cena para sempre.
A figura de João
Batista tem sido habitualmente des-figurada, quando o veem como um lobo
ululante a proferir maldições e ameaças. Ora – comenta o Ir. Éphraim, fundador
das Beatitudes -, um homem que se alimenta de mel só pode proferir doçuras...
Aquele que deve apontar o Cordeiro não pode uivar como um coiote do deserto,
mas deve ser impregnado da mesma suavidade.
Nada disto, no
entanto, impede que João [em hebraico, “Deus me fez graça” – reconhece Isabel!]
realize sua tarefa: dar testemunho da Luz. Luz que é um dos nomes de Cristo:
“Eu sou a luz do mundo” (Jo 9,5). É assim que João prepara as veredas do Salvador
e, ao mesmo tempo, ensina que o evangelizador deve desempenhar o mesmo papel:
abrir caminho para o Salvador.
O trabalho educativo
dos pais é este: apontar para a luz. Insistentemente, sem cansaço, orientar os
filhos. (Note que o verbo “orientar” liga-se ao Oriente, o lado de onde nasce o
Sol!) Claro, isto supõe que os pais estejam “orientados” e sua vida seja
mergulhada na luz pascal de Cristo. Que os próprios pais não caminhem nas
trevas do erro e nos atalhos do mundo pagão. Os filhos têm direito a ver a luz
de Cristo refletida na face e nos gestos de seus pais...
A legião de jovens que
perambulam pela noite, sem rumo e direção, denuncia as trevas de seus lares.
Ali, os pais não se reúnem para rezar, não buscam a graça dos sacramentos, não
se alimentam com a Palavra de Deus. Sem a luz diurna que emana do Ressuscitado,
resta aos jovens o luar sombrio do néon, a luz negra das casas noturnas, as
sombras dos becos e dos corações.
Pobres filhos! Pobres
pais! Cegos e guias de cegos! Fecharam os olhos à Fonte de Luz e vagueiam sem
norte, sem ter aonde ir... A droga letal e o sexo sem amor são amargas
compensações para quem não descobriu a Vida...
Mas, lá no fundo da
noite, ainda brilha uma chama: é a Luz de Cristo, acesa na Vigília Pascal, a
irradiar cintilações para todos os quadrantes. E nós, cristóforos [portadores
de Cristo], temos a missão do Batista: testemunhar ao mundo que a Luz ainda
brilha e quer iluminar todos os desvãos da sociedade.
Quando o faremos?
Orai sem cessar: “Em tua luz vemos a
luz!” (Sl 36,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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