Não sabemos... (Mt 21,23-27)
Nós somos bem ignorantes. Das coisas fundamentais de nossa vida,
só sabemos o que o próprio Senhor nos revelou. Mesmo assim, ainda há espessos
véus de mistérios sobre muitas coisas. Como é o céu? Como será o corpo dos
ressuscitados na Glória? Quando será a Vinda do Senhor? Não sabemos.
Mas esta é uma “ignorância boa”.
Deus sabe que é melhor, para nós, ignorar muita coisa, como o dia de nossa
morte. Se o conhecêssemos antecipadamente, seríamos tentados a adiar nossa
conversão para a véspera da morte e, quem sabe, já petrificados no pecado, a
mudança seria impossível...
Há, porém, uma ignorância culposa.
Tal como o pior cego é aquele que não quer ver – diz o refrão popular -, assim
também a pior ignorância é a de quem se recusa a acolher a verdade. Como no
Evangelho de hoje, quando os adversários de Jesus continuam a pressioná-lo e,
inesperadamente, recebem um contragolpe. Jesus pergunta: “O batismo de João era
do Céu, ou dos homens?”
Se respondem que não, a reação do povo (que tinha João, no
mínimo, por um grande profeta) poderia ser perigosa. Se respondem que sim, Jesus
diria: “E por que, então, vocês não creram nele?” Amarrados em sua própria má
consciência, esses líderes religiosos preferem dizer: “Não sabemos”...
Deus existe? Jesus Cristo é o seu
Filho? Sua morte na cruz tinha o objetivo de nos salvar? Jesus Cristo fundou
uma Igreja? Confiou a ela a missão de evangelizar e santificar? O Papa é o
Pedro de hoje? Jesus está vivo e presente na hóstia consagrada? Sou, por acaso,
responsável por meu irmão?
E um imenso coral responde: “Não
sabemos!” E mais: “Não queremos saber, pois se viéssemos a conhecer a verdade,
seríamos obrigados, por coerência, a mudar de vida. É mais cômodo para nós
permanecer na ignorância”.
Deus nos fala por meio de sua
Criação. Falou-nos através de seu Filho, Jesus Cristo. Fala pela Igreja e seu
magistério. Em cada sermão dominical, em cada conselho paterno, em cada
correção dos professores, é Deus quem nos fala. Estamos aprendendo? Queremos
conhecer a Verdade?
Há sempre um risco: chegar ao dia do
Juízo e ouvir, em troca, da boca do Juiz: “Eu também não vos conheço...”
Orai sem
cessar: “Senhor,
que eu me conheça; que eu te conheça.” (Sto. Agostinho)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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