O povo da
Aliança sabia que era pertença de Deus. Aos seus ouvidos, ecoava
permanentemente a voz do Senhor: “Eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu
povo.” (Ez 36,28.) Por isso mesmo, a idolatria era comparada à prostituição: a
esposa quebrar a aliança com o esposo e entregar seu coração a outro homem.
A noção de
ser “consagrado” inclui a experiência de ser “separado para” Deus e de
“exclusividade” a seu serviço, sem concessões a outro senhor. A Nova Aliança,
claro, iria aprofundar e sublimar ainda mais essa relação com a experiência da
“filiação”, quando o amor filial elevasse os fiéis a altitudes até então
impensadas...
No entanto,
desde os tempos da Primeira Aliança, Deus se apresentava como o Esposo fiel que
não desiste jamais do amor da esposa (cf. Is 62,3-5; Os 2,16ss), apesar de suas
infidelidades. O povo de Israel sabia que era diferente das outras nações
politeístas, pois tinha um único esposo, o Senhor Yahweh.
Na plenitude
dos tempos, o Filho de Deus nasce de Mulher e, 40 dias após o parto, é
apresentado no Templo e consagrado a Deus. O ritual incluía um “resgate”
simbólico, com um animal (novilho, cordeiro, para os ricos; um par de rolas ou
dois pombinhos, para os pobres) sacrificado em troca do primogênito.
A liturgia
nos recorda que Jesus Cristo foi o primeiro homem cuja vida significou uma
“con-sagração” total a Deus, sem nada reservar para si mesmo. Veio para fazer a
vontade do Pai (cf. Hb 10,7-9) e apenas fazia aquilo que ouvia de seu Pai (cf.
Jo 5,19ss).
Desde os
primeiros tempos da Igreja, a perfeita imitação de Jesus Cristo atraiu
numerosos fiéis à “vida consagrada”. Como ensinou João Paulo II, “a vida
consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo
Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através da
profissão dos conselhos evangélicos, os
traços característicos de Jesus – virgem, pobre e obediente – adquirem uma típica e permanente
‘visibilidade’ no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele
mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena
realização nos céus.” (Vita Consecrata,
1.)
E nós? Levamos
a sério a consagração de nosso batismo cristão?
Orai sem
cessar: “Procuro
aquele que eu amo.” (Ct 3,1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário