E o Menino foi crescendo... (Lc 2,36-40)
Basta uma frase de São
Lucas e... estamos diante do mistério. O Eterno se entrega ao tempo. O Imutável
se transforma. A Plenitude cresce...
Sigamos o comentário
do beneditino François Trévedy: “No estábulo de Belém, depois na oficina de
Nazaré, o Deus feito homem, o Deus aprendiz-de-homem é primeiramente aprendiz
do tempo. Ele se tece, trama-se longamente, lentamente, no obscuro, ou antes se
deixa tecer por outras mãos às quais se confia. O pequeno Jesus – o imenso
Jesus não é, no fundo, nem de cera, nem de gesso, nem de terracota: ele é de
carne modelada na primavera. Crescer é toda a sua história e toda a sua vida
oculta; uma vida que não tem parada, através de sua própria ressurreição em
pleno dia, pois ela prossegue seu curso obscuro em nós, que estamos ‘escondidos
nele’ (cf. Cl 3,3)”.
O “crescimento” do
Filho de Deus nascido de Mulher lança nova luz sobre todos os nascidos de
mulher: nós somos criados para crescer. Acima e além de toda visão meramente
evolucionista, não somos apenas primatas cujo organismo se aperfeiçoa e
especializa. No âmago de nosso ser foi injetado um impulso vital, um Sopro
criador que nos atrai para altitudes e infinitudes fora do alcance de qualquer
outra criatura no Cosmo: crescer em estatura, sabedoria e graça, até a medida
do próprio Filho encarnado.
Este magnetismo que
atrai cada pessoa na direção de Cristo, nosso ponto de chegada, atrai
igualmente a Igreja, Corpo de Cristo, que sempre cresce ao fogo de Pentecostes.
Trévedy observa:
“O Menino crescia...
Lucas, autor dos Atos bem como do Evangelho, não terá outro refrão quando falar
dos começos da Igreja, comprazendo-se em observar – com visão de médico –
também o crescimento dela (cf. At 2,41.47; 5,14; 6,1.7). Algo espantoso? Sobre
Ele e sobre nós, não é o mesmo Ser vivo que se faz e se desenvolve como um
único Homem? A Igreja não é excrescência de Jesus, mas seu talhe, sua estatura
infinitamente expansiva, pois também pertence somente à ordem do Espírito – o
Espírito de Jesus – que o Progresso, deixando enfim de ser um mito, se torne
mistério e realidade.”
O Menino crescia... A
Igreja crescia. Ficaríamos estacionados no ponto a que chegamos? Satisfeitos
com a atual medida da Graça? Ou o Espírito nos chama a crescer mais e mais, “à
estatura do Cristo em sua plenitude” (Ef 4,13) ?
Orai sem cessar: “O justo
crescerá como a palmeira...” (Sl 92,13)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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