terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PALAVRA DE VIDA

 E o Menino foi crescendo... (Lc 2,36-40)
            Basta uma frase de São Lucas e... estamos diante do mistério. O Eterno se entrega ao tempo. O Imutável se transforma. A Plenitude cresce...

            Sigamos o comentário do beneditino François Trévedy: “No estábulo de Belém, depois na oficina de Nazaré, o Deus feito homem, o Deus aprendiz-de-homem é primeiramente aprendiz do tempo. Ele se tece, trama-se longamente, lentamente, no obscuro, ou antes se deixa tecer por outras mãos às quais se confia. O pequeno Jesus – o imenso Jesus não é, no fundo, nem de cera, nem de gesso, nem de terracota: ele é de carne modelada na primavera. Crescer é toda a sua história e toda a sua vida oculta; uma vida que não tem parada, através de sua própria ressurreição em pleno dia, pois ela prossegue seu curso obscuro em nós, que estamos ‘escondidos nele’ (cf. Cl 3,3)”.
            O “crescimento” do Filho de Deus nascido de Mulher lança nova luz sobre todos os nascidos de mulher: nós somos criados para crescer. Acima e além de toda visão meramente evolucionista, não somos apenas primatas cujo organismo se aperfeiçoa e especializa. No âmago de nosso ser foi injetado um impulso vital, um Sopro criador que nos atrai para altitudes e infinitudes fora do alcance de qualquer outra criatura no Cosmo: crescer em estatura, sabedoria e graça, até a medida do próprio Filho encarnado.
            Este magnetismo que atrai cada pessoa na direção de Cristo, nosso ponto de chegada, atrai igualmente a Igreja, Corpo de Cristo, que sempre cresce ao fogo de Pentecostes. Trévedy observa:
            “O Menino crescia... Lucas, autor dos Atos bem como do Evangelho, não terá outro refrão quando falar dos começos da Igreja, comprazendo-se em observar – com visão de médico – também o crescimento dela (cf. At 2,41.47; 5,14; 6,1.7). Algo espantoso? Sobre Ele e sobre nós, não é o mesmo Ser vivo que se faz e se desenvolve como um único Homem? A Igreja não é excrescência de Jesus, mas seu talhe, sua estatura infinitamente expansiva, pois também pertence somente à ordem do Espírito – o Espírito de Jesus – que o Progresso, deixando enfim de ser um mito, se torne mistério e realidade.”
            O Menino crescia... A Igreja crescia. Ficaríamos estacionados no ponto a que chegamos? Satisfeitos com a atual medida da Graça? Ou o Espírito nos chama a crescer mais e mais, “à estatura do Cristo em sua plenitude” (Ef 4,13) ?
Orai sem cessar: “O justo crescerá como a palmeira...” (Sl 92,13)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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