Viemos adorá-lo... (Mt 2,1-12)
A solenidade
litúrgica de hoje se chama “epifania”,
palavra formado do verbo grego “phaino”
[fazer brilhar, fazer aparecer] e do prefixo “epi” [por cima, sobre]. Isto é, aquilo que até então não se via,
agora aparece visível os olhos dos homens. O mistério foi elucidado por
iniciativa e graça de Deus.
E o que é
que se vê? Uma criança na palha, sobre a manjedoura, adorada pelos magos do
Oriente. Todos os povos – inclusive os “de fora”, os que não eram povo de Deus –
se apresentam para adorar o Verbo feito carne.
Isto deveria
causar admiração? São Bernardo de Claraval entende que sim:
“Que fazeis,
ó magos, que fazeis? Vós adorais um recém-nascido que mama, em uma choupana
vulgar, em panos vulgares! Seria ele Deus? Mas ‘Deus reside em seu templo
santo; o Senhor tem seu trono nos céus!’ (Sl 11,4) E vós o buscais em um
estábulo vulgar, no seio da mãe! Que fazeis? Que ouro é este que lhe ofereceis?
Seria ele um rei? Mas onde está sua corte real? Onde está seu trono? Onde a
multidão de seus cortesãos? Um estábulo seria um palácio? A manjedoura será um
trono? Maria e José são a turba dos cortesãos? Como foi que os sábios se
tornaram loucos, a ponto de adorarem uma criança desprezível, tanto por sua
idade quanto pela pobreza dos seus?”
Esta seria a
visão do mundo... Talvez ainda seja, quando torcem a cara para o Deus encarnado
que em tudo se fez pequeno, humilde, marginalizado. O mundo prefere os superstars, os famosos, os poderosos, os
que sobem ao pódio. Para os gregos de
hoje (cf. 1Cor 1,23) o Filho de Deus permanece uma loucura...
São Bernardo
prossegue: “De fato, eles se tornaram loucos! E assim se fizeram para se
tornarem sábios! O Espírito lhes ensinou previamente aquilo que mais tarde o
apóstolo proclamou: ‘Aquele que deseja ser sábio, torne-se louco para ser
sábio. Como o mundo, com toda a sua sabedoria, não pôde reconhecer a Deus em
sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação’ (1Cor
1,21)”.
Para os
magos o estábulo não é sórdido, diz o Doutor Melífluo. As vestes pobres não o
ofuscam. Um lactente não os choca. Eles se prosternam. Rendem-lhe homenagem
como a um rei. Adoram-no como um Deus. “Seguramente, Aquele que os conduziu ali
é o mesmo que os instruiu. E Aquele que os guiou do exterior pela estrela é o
mesmo que os ensinou no segredo de seu coração.”
As trevas do
mundo exigem lâmpadas noturnas, placas de neon, luzes cintilantes. Mas o mundo
permanece na sombra. Só uma comunidade de adoradores poderá recuperar para o
planeta sombrio a verdadeira Luz que se manifestou no Natal. Adoremos, pois...
Orai sem cessar: “Vinde,
prostrados adoremos o Senhor que nos criou!” (Sl 95,)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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