Jesus
se admirava da incredulidade deles... (Mc 6,1-6)
Creio que a maioria dos crentes não
tem uma consciência clara do grande milagre que é o dom da fé. Na prática, nós
nos acostumamos ao fato de crer, como se fosse algo natural, como se não se
tratasse de um notável sinal da predileção divina.
Para muita gente, a hipótese de
crer ergue-se mesmo como uma ameaça, sob o risco de abrir mão da autonomia, da
racionalidade, da liberdade pessoal. Fazer um ato de fé lhes pareceria uma
inaceitável diminuição de sua pessoa humana. A recusa em crer chega a ser
erguida como uma bandeira de dignidade...
O monge Silvano do Monte Athos
[1866-1938], canonizado pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, vem ajudar
nossa reflexão:
“Para conhecer o Senhor, não é
necessário ser rico ou sábio, mas é preciso ser obediente, sóbrio, ter um
espírito humilde e amar o próximo. O Senhor amará uma alma assim; ele se
revelará a ela, ensinar-lhe-á o amor e a humildade e lhe dará tudo que lhe é
necessário para encontrar a paz em Deus.
Eis um mistério: existem almas que
conheceram o Senhor; há outras que não o conheceram, mas nele creem. Enfim, há
homens que não só não conheceram a Deus, mas nele não creem. Entres estes
últimos, existem até pessoas instruídas.
É o orgulho que impede ter a fé. O
homem orgulhoso quer tudo compreender por sua inteligência e sua ciência, mas
não lhe é dado conhecer a Deus, pois o Senhor só se revela aos humildes. Às
almas humildes, o Senhor mostra suas obras, que são incompreensíveis ao nosso
entendimento, mas reveladas pelo Espírito Santo. Com a inteligência, apenas, só
se pode conhecer aquilo que é terrestre – e, mesmo assim, parcialmente -,
enquanto o conhecimento de Deus e do mundo celeste provém somente do Espírito
Santo
Aquele que não gosta de rezar é
curioso por explorar tudo o que vê na terra e no céu, mas nada sabe do Senhor
nem se esforça por aprendê-lo. Quando ouve um ensinamento sobre Deus, ele diz:
‘Como se pode conhecer a Deus? E tu, de onde o conheces?’ Eu te direi: ‘É o
Espírito Santo que dá testemunho de Deus; ele o conhece e nos instrui’.
Privada da Graça, nossa inteligência
não pode conhecer a Deus, mas é incessantemente atraída pelas coisas
terrestres: as riquezas, a glória, os prazeres. O amor pode ser fraco, médio ou
perfeito. Tanto mais é perfeito o amor, mais perfeito é o conhecimento.
Ó milagre! Mesmo a mim, que sou um
grande pecador, o Senhor não me desprezou, mas permitiu-me conhecê-lo pelo
Espírito Santo. Oh! Como eu seria feliz se todos os povos da terra conhecessem
o Senhor!”
Orai sem cessar:“Entrega ao Senhor
o teu futuro!”
(Sl 37,5)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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