Não te é lícito! (Mc
6,14-29)
Ainda que tenha sido criado como um
ser livre, nem tudo é permitido ao homem. O Criador nos deu a liberdade para o
bem e ela só alcança sua perfeição quando ordenada para Deus.
Ensina o Catecismo da Igreja
Católica: “Deus criou o homem dotado de razão e lhe conferiu a dignidade de uma
pessoa agraciada com a iniciativa e domínio de seus atos. ‘Deus abandonou o
homem nas mãos de sua própria decisão’ (Eclo 15,14) para que pudesse ele mesmo
procurar seu Criador e, aderindo livremente a ele, chegar à plena e feliz
perfeição.” (nº 1730)
Ora, Herodes, tetrarca da Galileia,
vivia como marido da esposa de seu próprio irmão Filipe. Além do escândalo
causado por um comportamento público que ofendia a santidade da vida conjugal,
batia de frente contra a lei divina, expressa no Levítico: “Não descobrirás a
nudez da mulher de teu irmão.” (Lv 18,16.)
João Batista, o admirável precursor
do Messias, teve a ousadia profética de somar ao anúncio do Reino de Deus a
denúncia dos crimes do poderoso. Isto lhe valeu a prisão e a morte, crescendo
ainda mais na veneração do povo de seu tempo. Afinal, naquele tempo como hoje, não
é qualquer um que tem a coragem de apontar o dedo no nariz dos governantes para
cobrar seus desvios e sua corrupção.
Hoje, a Igreja de Jesus Cristo
mantém viva a missão profética de João Batista e, por isso mesmo, é tão
incômoda quanto o profeta o foi no seu tempo. Enquanto o mundo neopagão - que
considera virtudes todos os vícios típicos da vida “natural” -, sempre ansioso
pelo retorno às cavernas, investe em uma cultura de morte, a Igreja acampa no
polo oposto, em permanente luta pela vida.
Quando a sociedade materialista
insiste em defender pretenso “direito” à eutanásia e ao aborto, a Igreja de
Jesus Cristo não pode calar-se, repetindo a voz divina do Sinai: “Não matarás!”
Quando o século hedonista faz propaganda do divórcio e do “casamento” entre
pessoas do mesmo sexo, a Igreja não teme ser rotulada de conservadora e
retrógrada, mas insiste naquela “lei natural” que o próprio Cristo reafirmou.
Diante de Deus, o “legal” jamais poderá substituir o “legítimo”.
Por isso mesmo, toda que vez que um
tirano sobe ao poder – como Hitler na Alemanha nazista e Stálin na Rússia
comunista -, seu inimigo preferencial é a Igreja, pois ela não se intimida nem
silencia diante dos crimes do Poder. Ao contrário, como João Batista, ela
aponta e grita: “Não te é lícito!”
Afinal, de que lado estamos nós?
Orai sem cessar: “Por amor a Sião, eu não me calarei!” (Is
62,1)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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