terça-feira, 28 de abril de 2015

PALAVRA DE VIDA

 Até quando? (Jo 10,22-30)
            A pergunta dos judeus a Jesus costuma ser um indicativo de impaciência. “Até quando nos manterás em suspenso? Afinal, tu és, ou não, o Messias esperado? Estamos cansados de esperar por uma definição!” Claro que tinham má intenção: como S. Agostinho comenta, seu objetivo não era converter-se ao Messias, mas ter mais um motivo de calúnia e condenação contra o Rabi.

            Há outras passagens da Bíblia com a mesma pergunta inquieta e – por que não confessar? – um tanto desesperada. Como no Salmo 13 [12]: “Até quando, Senhor, de todo vos esquecereis de mim?” Esta impaciência sempre vem à tona de nossas almas quando a cruz é pesada e nada indica que logo nos será tirada. É como se sofrêssemos a cota de hoje e, por antecipação, já sofrêssemos também o peso do mesmo madeiro por toda uma sucessão de dias, semanas e anos futuros.
            Bem, reconheçamos: estamos mergulhados no tempo. Somos seres históricos, ainda que vocacionados ao eterno. E temos grande dificuldade em trabalhar com tempo, pois nossa pretensão é viver, JÁ, a perfeição celestial. As imperfeições desta estrada provisória – a nossa vida terrena – nos incomodam muito. Tanto as imperfeições que existem em nós quanto aquelas que pululam nos outros. Temos grande dificuldade em esperar pelo tempo de Deus.
            “Até quando? Até quando?” Eis o refrão que a mãe repete quando o filho comete (outra vez!) o mesmo impropério. É o suspiro renovado da esposa que recebe (outra vez!) o marido bêbado. É o gemido do enfermo que ouve do médico a frase condenatória: “Vamos ter de iniciar outra série de quimioterapia...” E, no entanto, é no tempo que realizamos nossa história de salvação. É na sucessão, tantas vezes monótona, de dias e de cruzes, que estamos edificando um Reino para Deus. E cada dia que passa é mais um tijolo no muro da Jerusalém Eterna.
            Teremos surpresas, sim senhor! A grande novidade será chegar do outro lado, contemplar o Reino edificado e verificar – para espanto e alegria! – que entre as pedras da Cidade de Deus estão plantadas não apenas as boas obras e os sucessos de nossa vida... mas a argamassa, a unir as pedras, será feita de nossos erros e pecados, angústias e insônias, suspiros e lágrimas...





Orai sem cessar: “Esperei, esperei o Senhor:
ele se inclinou sobre mim, ouviu o meu grito.” (Sl 40,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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