Fechou-se
a porta... (Mt 25,1-13)
Temos um
tempo. Um só. Temos uma vida. Só uma. Não há prorrogação. Conforme a Carta aos
Hebreus, só se vive uma vez e, logo após nossa morte, segue-se o juízo que
decide nossa eternidade. (Hb 9,27.)
Pintemos a cena em cores mais
vivazes: Deus preparou-nos um banquete, a festa das núpcias do Cordeiro, seu
Filho; e espera que nós fiquemos atentos, despertos, preparados para o forte grito
que se ouvirá no meio da noite de nossa História: “Aí vem o noivo!” Neste exato
momento, quem estiver preparado, entrará para o festim. Quem chegar depois,
achará a porta fechada..
Eram dez as
virgens – símbolo da alma à espera do Senhor. Cinco eram sábias, cinco
insensatas. Prefiro a tradução antiga: cinco prudentes, cinco loucas. Trata-se
de uma escolha entre a prudência e a loucura. A prudência deriva certo “azeite”
que foi acumulado, reserva para a Hora H. A loucura consiste em não
levar a sério a urgência da hora e cochilar sem o óleo do Espírito.
Para o místico russo do Séc. XIX, São
Serafim de Sarov, o “azeite” que alimenta a chama das lâmpadas noturnas é o
próprio Espírito Santo. Sem ele, ficamos nas trevas. Com ele, nossas lamparinas
se acendem e acompanhamos, festivos, a entrada do Cordeiro para o banquete
nupcial.
Há muitas
formas de cochilar. Concentração exclusiva no trabalho, na carreira, nos
negócios, isto é, em “ganhar a vida”, como se não houvesse lá no alto um Pai
providente. Uma corrida louca em busca do sucesso, saltando de palco em palco,
de projeto em projeto, de produção em produção. Uma luta encarniçada para tomar
posse e conservar o poder, usando de todos os meios e procedimentos, custe o
que custar, doa a quem doer.
O Evangelho nos garante que isto é
loucura, que nos distrai do essencial – o amor de Deus e ao próximo -, pois fragmenta-nos
a alma, dilacera o corpo e entreva o espírito. Pura loucura!
Enquanto
isto, os pequeninos – que tudo esperam do Senhor – dedicam seu tempo à oração e
ao serviço aos irmãos, à meditação da Palavra e a vivê-la no dia-a-dia, ao
convívio fraterno e à adoração. Assim, suas lâmpadas permanecem com o óleo da
vida, a presença atuante do Espírito de Deus, que permite caminhar na penumbra,
enquanto não chega a Aurora...
A Aurora vai
chegar. A luz vencerá as trevas. O Noivo não tarda a chegar. Mas, quando
chegar, estaremos despertos?
Orai sem cessar: “Minha alma espera pelo Senhor,
mais
ansiosa que os vigias pela manhã.” (Sl 130,6)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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