A mulher do teu irmão... (Mc 6,17-29)
Herodes
Antipas, rei da Galileia e da Pereia, casado com a filha de um rei da Arábia,
tomou também Herodíades, a mulher de seu irmão Herodes Filipe, que caíra em
desgraça perante as autoridades romanas, e fez dela a sua concubina. Em sua
pregação no Jordão, quando convidava o povo à conversão, preparando-se para a
chegada do Reino de Deus, João Batista denunciava também a conduta imoral do
rei, provocando a ira da concubina. Temendo a reação do povo, Herodes mandou
prendê-lo.
Admirável
a coragem e a santa ousadia do Batizador, acusando a corrupção do poderoso,
mesmo com o risco de sua própria vida. Agindo assim, João Batista se colocava
na mais legítima linha de denúncia profética do Antigo Testamento, trilhando os
passos de Isaías, Jeremias e Amós, tantas vezes perseguidos e denunciados como
perturbadores da ordem pública,
Hoje, a
Igreja também assume uma estatura profética, quando defende os valores do
Evangelho e tem a coragem de se postar na contramão do mundo que vai retornando
ao primitivo paganismo. Ao condenar o aborto e a eutanásia, ao recusar o
casamento entre pessoas do mesmo sexo e a dissolução do matrimônio cristão, a
Igreja demonstra sua fidelidade à Palavra de Deus.
Acusada de
retrógrada e conservadora, na verdade a Igreja defende uma moral “nova” –
aquela moral que veio com a pregação do Evangelho e provocou a admiração e a
conversão das nações pagãs. Ao contrário, quem caminha para trás, merecendo o
rótulo de retrógrados - são aqueles que pretendem “direitos” que as tribos
antigas já exercitavam no paganismo, antes de sua evangelização: o “direito” de
eliminar crianças defeituosas, assassinar anciãos incômodos e tratar a mulher
como objeto de posse.
O Papa
João Paulo II, com suas encíclicas de conteúdo moral (como Veritatis Splendor e Evangelium Vitae), é um
exemplo recente da luta da Igreja na defesa da verdade e da vida, orientando
toda a sociedade para a retomada de uma reflexão sobre os aspectos éticos de
nossa existência. Mesmo em ambientes não-cristãos, erguem-se vozes de peso que
clamam por uma reforma moral da sociedade.
Ao
celebrar o martírio de São João Batista, nós devemos tomar consciência de que a
vivência integral do Evangelho certamente há de causar-nos problemas em uma
sociedade que se paganiza de novo. Mais que um intermediário para nossas
preces, João é um modelo a ser imitado.
Nos
ambientes em que vivo e convivo, tenho a coragem de defender os valores do Evangelho?
Ou me calo diante da pregação do ateísmo e da libertinagem de costumes?
Orai sem cessar: “Preparai o caminho do Senhor!” (Mt 3,3)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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