segunda-feira, 30 de novembro de 2015

PALAVRA DE VIDA

 Jesus viu dois irmãos... (Mt 4,18-22)
            Uma das bem-aventuranças do Evangelho está ligada ao olhar: os puros de coração verão a Deus (cf. Mt 5,8). Talvez motivados por esta receita de felicidade, ficamos procurando por Jesus com os olhos... e nos esquecemos de deixar que ele mesmo nos olhe...

            Aliás, a história da salvação registra numerosos episódios em que alguém procura esconder-se de Deus. Foi assim como Adão, no Éden, após a queda e a descoberta da própria nudez (cf. Gn 3,10). Foi assim com Jonas, em sua fuga para Társis (Jn 1,10). Como se fosse possível escapar aos olhos onipresentes do Senhor do universo...
            Como observa Lev Gillet, “eu aprendo a olhar Jesus na medida em que eu aprendo a ser olhado por ele. Submeter-se ao olhar de Jesus. Antes de dirigir a palavra a Simão, por ocasião de seu primeiro chamado, Jesus o olha (e o verbo grego implica que ele o olha com insistência)”.
            De fato, trata-se do verbo eiden, “observa”. É o mesmo olhar penetrante lançado sobre Simão Pedro quando Jesus sai da casa de Caifás após Pedro o ter negado. E são vários os efeitos do olhar de Jesus sobre nós! Ao ser chamado para deixar a barca, Pedro é iluminado por esse olhar. Mas o mesmo olhar o leva às lagrimas após ter claudicado na fé.
            E quais são as condições para essa “visão”? Lev Gillet responde: “São as mesmas que Jesus impôs aos três discípulos, dos quais fez testemunhas de sua transfiguração (cf. Mt 17). Jesus os ‘tomou consigo’. Ele os ‘conduziu’. Levou-os ‘sobre uma alta montanha’, onde eles estavam ‘a sós, separados’. Solidão com Jesus. Deixar-se conduzir. Ascensão penosa, muito acima daquilo que nossa vida tem de mau e de medíocre. Todas estas condições permanecem ordinariamente necessárias. (Digo ‘ordinariamente’ porque há casos excepcionais: como Saulo no caminho de Damasco.)”
            Quando ouvimos a frase “Deus me vê”, a primeira reação pode ser de temor diante de uma espécie de inspetor atento e, quem sabe, implacável. Ou ainda, alguém pode sentir que sua liberdade está sendo cerceada pelo mesmo olhar. Estas reações distorcidas só serão corrigidas quando eu fizer a experiência de que Deus é Pai. E um Pai amoroso.
            A partir de então, serei como a criança que não quer ficar longe do olhar materno, pois ele é a garantia de segurança e de paz. Deus me vê... e me ama...
Orai sem cessar: “Os olhos do Senhor estão sobre os justos!” (1Pd 3,12)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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