domingo, 13 de dezembro de 2015

PALAVRA DE VIDA

Ele vos batizará com o Espírito Santo... (Lc 3,10-18)

            Nas margens pedregosas do Jordão, João Batista anunciava a iminente aproximação do Reino de Deus, na pessoa de Jesus. Acolher o Reino trazia uma exigência de con-versão, isto é, de escolher um novo rumo para a própria vida, a começar pelo arrependimento dos erros passados. Daí, o convite a um banho ritual, um batismo [isto é, “mergulho”] nas águas, as mesmas águas que, séculos antes, haviam lavado a lepra do sírio Naamã (cf. 2Rs 5,14).

            Mas este “batismo” (mero rito de purificação) era apenas um gesto provisório, na expectativa de outro mergulho, já agora no fogo de Pentecostes. Por isso mesmo, João Batista orienta os olhares de todos para Jesus, a fogueira de amor de onde viriam as chamas do Espírito: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”.
            Na manhã de Pentecostes, cumpre-se a profecia de João: línguas de fogo acompanham o Vento divino e baixam sobre cada um dos presentes no Cenáculo de Jerusalém. Como observa Lev Gillet, “há uma relação estreita entre o vento e a chama, entre o sopro e o fogo do Espírito”. Os antigos, com seu fogão de lenha, sabiam muito bem a importância do sopro para manter viva a chama...
            De fato, não há fogo sem ar. A chama se manifesta no sopro. “Também há, na chama, uma junção do Espírito com o Verbo – diz Gillet. O elemento luminoso é o Verbo, claridade suprema, luz do mundo. Ele ilumina todos os homens. Mas o fogo não seria percebido sem essa combustão invisível que é a obra do Espírito e que faz emanar o calor. A combustão, a operação do Espírito Santo, torna aparente a Luz, o Cristo. A Pomba mostra o Cordeiro.”
            Jesus sabia muito bem que os apóstolos, encarregados de dar continuidade à sua missão, não convenceriam o mundo pagão com palavras e arrazoados lógicos, conservados no gelo da simples filosofia. Eles precisavam de fogo. E foi para que suas palavras fossem abrasadas no Amor divino que, na manhã de Pentecostes, veio Fogo do céu, cauterizando seus pecados, derretendo as pedras do medo, dinamizando seus gestos.
            Não há combustão sem que a matéria seja consumida. O fogo do Espírito - tal como ocorre no incenso dos turíbulos – queima para transformar, arde para transfigurar, consome para elevar aos céus o espírito humano, tão pesado e apegado à matéria. Era esta a promessa do Batizador...
Orai sem cessar: “Das chamas de fogo, Senhor, fazes teus ministros!” (Sl 104,4)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário