segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

PALAVRA DE VIDA

 Não sabemos... (Mt 21,23-27)

            Com todo o respeito, nós somos PhD em ignorância! Nossa especialidade é, de fato, ignorar. Por mais que a antiga filosofia especule e a moderna ciência experimente, cresce sempre mais aquele espaço reservado à nossa humana ignorância. Tanto no macrocosmo [constelações, nebulosas, buracos negros...] quanto no microcosmo [genes, prótons, nanopartículas...], abre-se sempre mais um horizonte que não podemos abarcar.

            Este tipo de ignorância, em geral, não acarreta culpa. Faz parte de nossa natureza. Mas existe um tipo de ignorância culposa: é quando fazemos absoluta questão de não saber. Como no Evangelho de hoje, quando sacerdotes e anciãos de Jerusalém declaram sua ignorância para não correrem risco. Quando Jesus retruca à pergunta deles com outra pergunta, uma questão delicada que expunha à luz meridiana a falsidade de sua aparente vida religiosa, os homens do Templo preferem assinar um atestado de ignorância. Sob a máscara do não-saber, sentem-se no direito de não optar...
            Não é exatamente assim que ainda ocorre em nosso tempo? Quando a Igreja anuncia com fidelidade o Evangelho de Jesus Cristo e dele extrai princípios éticos e valores existenciais capazes de endireitar nossa sociedade, os responsáveis pelo sistema fazem ouvidos de mercador, fogem ao diálogo e acusam a Igreja com os adjetivos de costume: conservantista, retrógrada, moralista, ultrapassada.
            Uma consciência reta não foge jamais ao diálogo nem teme o confronto. Ao contrário, a honestidade intelectual se orientará para a busca da verdade e, uma vez esclarecida, assumirá as suas escolhas de forma coerente com aquela verdade que lhe foi revelada.
            Claro, isto sempre tem um preço. Inclui riscos. Projeta desafios. Na prática, é mais cômodo “fugir da raia”, apoiando-se em preconceitos e muralhas ideológicas. Afinal, um falso saber é outro nome do não-saber. Refugiados nele, nós podemos adiar indefinidamente as opções que dariam sentido de eternidade à nossa vida, entre estas, no topo da coluna, a nossa relação com Deus e com o próximo.
            Como não lembrar a afirmação do Apóstolo Paulo aos Romanos? “A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade.” (Rm 1,18)
Orai sem cessar: “O sumário da vossa palavra é a verdade.” (Sl 119,160)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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