segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Imediatamente deixaram as redes... (Mc 1,14-20)

           Se o Reino está próximo, entramos em ritmo de urgência. Se o Cordeiro já está no meio de nós, as velhas atividades perdem sua importância. Não admira, pois, que Simão e André deixem “imediatamente” as suas redes para seguir a Jesus.

            Todos sabem do valor das redes para um pescador. Elas são seu instrumento de trabalho: lançadas ao mar, voltam com o peixe precioso que alimenta os homens e sustenta os profissionais da pesca. E os dois abandonam as redes ao primeiro chamado...
            Metros adiante, é a vez de Tiago e João, interpelados por Jesus em pleno trabalho. Também eles interrompem sua faina e deixam as redes... e a barca... e o próprio pai!
            Então, não eram apenas as ferramentas profissionais que poderiam ser obstáculo para o seguimento de Cristo?! Até o pai?! Sim, qualquer apego afetivo – mesmo os mais legítimos – pode ser apresentado por nós como razão (ou pretexto) para abrir mão da missão recebida.
            Se alguém vê aqui algum exagero, por certo desconhece as palavras de Jesus: “Quem ama pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. E quem ama filho ou filha mais do que a mim, não é digno de mim”. (Mt 10,37)
            Parece demais? Pois há outro ângulo para avaliar a situação. Também são palavras de Jesus: “Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna”. (Mt 19,29)
            Sem este desapego, não há missão. Sem estas rupturas, não teremos missionários. E não seria exatamente o envolvimento por um mundo novamente paganizado, onde os altares pertencem ao dinheiro, à segurança e ao sucesso, a explicação para a sensível redução no número de missionários?
            Há poucos anos, falaram-me sobre um seminário, mantido por uma tradicional congregação religiosa, onde cada seminarista tem sua própria suíte, com TV, ar condicionado e frigobar. Seria isso uma preparação para as missões entre os indígenas da Amazônia? Ou um treinamento para resistir às dificuldades entre os nativos da África?
            E Jesus, esse insistente: “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim”. (Mt 10,38a)
Orai sem cessar: “Aqui estou!” (Gn 22,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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