Sai dele! (Mc 1,21b-28)
Com este
imperativo, Jesus liberta um homem habitado por um “espírito impuro”, causando
a admiração de todos os presentes na sinagoga de Cafarnaum, pois “até os
espíritos impuros lhe obedecem”.
Um dos
atributos mais preciosos de Jesus Cristo é a sua missão “libertadora”. Alguns
excessos cometidos por partidários de teologias que enfatizavam a libertação
social, política e econômica não nos devem indispor com a “libertação humana”,
mais necessária do nunca.
De fato, o
Evangelho liberta. O apóstolo Paulo não se cansa de lembrar: “É para a
liberdade que Cristo nos libertou. Ficai firmes e não vos deixeis amarrar de
novo ao jugo da escravidão”. (Gl 5,1) Em uma sociedade onde eram numerosos os
escravos, e até conhecidos filósofos justificavam teoricamente o estatuto da
escravidão, a pregação do Evangelho constituía absoluta novidade.
Mas Jesus
não se prende aos aspectos sociais e econômicos, ele vai além. Ele sabe muito
que sua missão inclui a libertação espiritual. Seu “sermão programático” (Lc
4,18ss), inclui a “libertação dos presos” e a “liberdade aos oprimidos”. E não
há pior opressão do que a escravidão do pecado.
Macário, o
Grande [300-390 d.C.], nos fala dessa terrível escravidão: “A alma que caiu sob
a servidão e a autoridade da treva das paixões do pecado é oprimida pela febre
da lei do pecado; ela é imobilizada e inibida em relação às obras da vida, as
virtudes perfeitas do Espírito Santo, pois é incapaz de cumpri-las de maneira
irrepreensível, mas nada a impede de gritar para o único médico, clamar por seu
socorro nem esperar pela salvação.
Deus só
espera dos homens esta ocasião, pois o poder de fortalecer a alma, curá-la da
febre do pecado e arrancá-la da tirania e da influência das paixões, este poder
pertence a Deus e somente a ele está reservado. É ele quem irá pô-lo em jogo
prontamente, como está escrito: ‘Ele fará justiça àqueles que clamam por ele
dia e noite’. (Lc 18,7)
O próprio
Senhor quer ser assim procurado, amado, acreditado e atraído pelo amor da alma
para vir e habitar, reger e governar todo o seu pensamento e conduzi-la por
inteiro para a vontade de Deus”.
O mesmo
Libertador que expulsava os demônios nas sinagogas da Palestina permanece vivo
entre nós, para reconduzir à liberdade plena todo aquele que invocar o seu
nome.
Orai sem cessar: “Clamaram ao Senhor e ele os
livrou...” (Sl 107,13)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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