Foi para isto que eu saí... (Mc 1,29-39)
De onde é
que Jesus saiu? Saiu do seio da Trindade para o caos da humanidade. Saiu da
eternidade para entrar em nossa história. Saiu para um encontro definitivo com
o homem errante desde a Queda original, disposto a pastorear e salvar todo
aquele que se perdera...
Depois
disto, torna-se impossível reduzir a pessoa de Jesus Cristo a um profeta
itinerante da Galileia, a um mestre do Oriente, a um antigo reformador da
sociedade. Sua missão é muito mais ampla e muito mais profunda. Trata-se de
salvar e regenerar a humanidade inteira.
Urs von
Balthasar comenta: “Este Evangelho nos mostra que o trabalho realizado por
Jesus sobre a terra era uma superexigência. Ele devia “reconduzir as ovelhas de
Israel”, tarefa que, considerada a situação espiritual e política do país, não
podia absolutamente ser levada a termo. Mesmo assim, ele se compromete com isso
até suas últimas forças.
Enquanto ele
cura a sogra de Pedro e “a cidade inteira” está reunida diante da porta, Jesus
distribui seus benefícios. Bem antes da aurora, ele se levanta para rezar na
solidão, mas já o perseguem de novo para lhe dizer: “Todos te procuram”. Os
mesmos da vigília anterior...
E ele não se
escusa, sob a alegação de que gostaria de rezar, mas se entrega a novo
trabalho: nas “aldeias vizinhas, a fim de que também lá eu proclame a Boa Nova,
pois foi para isso que eu saí”... E as aldeias são apenas um começo: “ele foi
por toda a Galileia”.
O verdadeiro
mensageiro cristão da fé pode tomar como exemplo o zelo incansável de Jesus:
mesmo que, do ponto de vista humano, a tarefa que ele entrevê permaneça
inacessível, ela a realizará enquanto lhe permitirem as suas forças. O resto
será completado por seus sofrimentos ou, pelo menos, por sua obediência. Mas
esta disposição de modo algum é para ele uma desculpa para não fazer tudo o que
está em seu poder.”
A leitura
atenta dos Evangelhos permite perceber que a fidelidade de Jesus à sua missão
não se resume aos eventos do Calvário, mas só a fidelidade permanente, no dia a
dia, às exigências diárias da missão, lhe permitiram a grande fidelidade de sua
Paixão e Morte.
Salvo
exceções, morremos como vivemos...
Orai sem cessar: “Ai de mim se eu não anunciar o
Evangelho!” (1Cor 9,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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