Levaram-lhe todos os doentes... (Mt 4,12-17.23-25)
Sim, todos!
Com todo tipo de doença: “diversas enfermidades e tormentos, possessos,
epiléticos e paralíticos. E ele os curava” (v. 24b). Nada escapa à força
curativa de Jesus: o mal físico, o psicossomático, o espiritual. Não admira que
as multidões corram em sua perseguição!
Hoje, tempos
de racionalismo, crescem as vozes que pretendem “reservar” os doentes para a
medicina oficial, seja a particular (fora do alcance do povo), seja a pública
(incapaz de curar nossas gripes). Mas Jesus, o médico, continua à nossa disposição.
Um sacerdote africano, Moussa Serge
Traore, nascido em Burkina Faso, com longa experiência pastoral, fala do toque
curativo de Deus:
“Muitas
pessoas na Bíblia foram curadas de suas enfermidades ao tocarem Deus. Em
princípio, a expressão “tocar Deus” não pode ser dita. O homem não pode tocar a
Deus. Pode a humanidade tocar a divindade? Além disso, Deus pode curar só com a
palavra. Pode até mesmo curar alguém sem o ver. Ele curou o servo do centurião
sem o ver. Entretanto, Deus gosta de curar tocando a pessoa, e ele quer que a
gente o toque.
As pessoas da Bíblia acreditavam a tal ponto no
poder do “tocar”, que os evangelistas nos relatam que “toda a multidão
procurava tocá-lo, porque uma força saía dele e os curava a todos”. (Lc 6,19)
Marcos explica o fenômeno nestes termos: “Como ele tinha curado tantos, todos
aqueles que estavam tomados de algum mal lançavam-se sobre ele para o tocar”.
(Mc 3,10) Lembremos isto: essa força sai no momento do toque. É o contato
físico que a faz brotar. E era tão forte que “por toda parte onde ele entrava,
aldeias, cidades ou sítios, colocavam os doentes nas praças; suplicavam-lhe que
os deixasse tocar tão somente a franja de suas vestes; e aqueles que o tocavam
eram todos salvos”. (Mc 6,56)
Há muitas maneiras de “tocar” Deus.
Nós o tocamos no silêncio da oração, nós o tocamos em sua Palavra, no outro que
nos abraça. Mas, acima de tudo, nós “tocamos” Deus na Eucaristia, quando seu
corpo e seu sangue se fazem nosso alimento. Sob os véus de um mistério que
implode nossa razão humana, realiza-se um metabolismo divino-humano, quando
Jesus Cristo e nós passamos a ter uma circulação comum, e nada mais nos separa
da fonte da vida. Deixemo-nos amar. Deixemo-nos curar...
Orai sem cessar: “É o Senhor quem cura todas s tuas
doenças!” (Sl 103,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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