Qual a
vantagem em ganhar o mundo – pergunta Jesus – se, com isso, perdemos nossa
alma? Ganhar o que passa e perder o eterno?
Afinal, que
é “ganhar o mundo”? Naturalmente, Jesus não pensa em coisas grandiosas como o
Império Romano, a presidência da ONU ou mesmo, em escala menor, o governo de um
Estado. Um homem simples como o Mestre de Nazaré devia pensar em coisas mais
corriqueiras, mais próximas de nós. “Ganhar o mundo” pode ser tanta coisa!
Casar-se com um marido rico. Conquistar a menina mais bonita da aldeia. Receber
o canudo da Universidade, em papel-pergaminho. Tomar o posto do chefe imediato.
Ser considerado o melhor pregador da Forania. Juntar um pé-de-meia suficiente
para nunca mais depender de ninguém.
Claro, tudo
isso tem um preço. Quantos desvios para atingir um desses objetivos! Mentiras,
trapaças, excesso de trabalho, táticas de sedução, avareza e indiferença pelos
necessitados. Pergunte a um mendigo para ver quantas vezes ele pede e... não
recebe. Pergunte à Polícia Federal quantos diplomas falsos correm por este
país. Pergunte às infelizes esposas se a imagem que o noivo lhes vendeu
corresponde à imagem do marido que amanheceu a seu lado...
No fim da
vida, é hora do balanço. Se preferir, pode chamar de Juízo. Logo após a morte,
um Juízo Particular (cf. Hb 9,27). No fim dos tempos, um Juízo Final. Mas é
logo no primeiro – o “pequeno juízo” – que as coisas são postas na balança:
aquelas antigas, de dois pratos. De um lado, pensamentos e palavras, atos e
omissões, como rezamos no “Eu, pecador”. Do outro lado, nossas verdadeiras
intenções e sentimentos, nossos objetivos não-confessados.
É nesse
momento crucial – esse limiar entre a vida e a morte – que a luz divina tudo
esclarece, sem sombras nem véus. E nós, moribundos, num átimo de tempo,
reconhecemos se nossa vida foi pautada, ou não, pelo amor. Nesse instante,
muita gente vê que ganhou o mundo e... perdeu a alma...
Jesus Cristo
preferiu perder a vida a renunciar à sua missão. Preferiu perder o “reino deste
mundo” a adorar o demônio. Preferiu ser crucificado a aderir aos poderosos
deste mundo. Isto é, viveu exatamente o que pregava.
Como anda
nossa coerência cristã? Quais são os nossos objetivos? Nossa vida é orientada
pelo Amor?
Orai sem cessar: “Se vos possuo, Senhor, nada mais
me atrai na terra!” (Sl 73,25)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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