quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

PALAVRA DE VIDA

A porta será aberta... (Mt 7,7-12)

            Esta frase construída no tempo futuro não faz uma promessa vaga, fluida, perdida no amanhã. Antes, pronunciada pelo próprio Jesus, ela nos traz uma garantia solene. É como se ele nos dissesse: é impossível que a porta não se abra diante de tuas batidas! Podes bater e insistir...

            A mesma frase está anexa a um imperativo: “batei!” Jesus manda bater à porta. Na verdade, são três imperativos: “Pedi... procurai... batei...” Três verbos de ação a mostrar a necessidade de sair de um estado passivo e fazer o possível esforço para corresponder às graças que o amor do Pai deixa à nossa disposição. “Esforçai-vos por entrar!” (Lc 13,24) No original grego, um verbo que lembra a luta, a agonia: agônizesthe eiselthein.
            Desde a infância, alguém nos falou na “porta” do céu. Seria ela um portão de difícil acesso, guardado por anjos, como o querubim com a espada de fogo no portal do Éden perdido. Ou, quase bem humorado, o portão onde São Pedro, de barbas brancas, folheia um livro de capa preta onde estariam registradas as nossas ações neste mundo. Um livro com as três colunas da velha contabilidade: deve / haver / saldo. O deficit vermelho seria a condenação eterna...
            Nada mais falso! Nada menos evangélico! A porta do céu não está lá em cima, envolvida em cirros e nevoeiros. Desde a Encarnação, a porta do céu desceu até nós e se pôs inteiramente ao nosso alcance. A porta do céu é Jesus Cristo.
            François Trévedy comenta: “Jesus não cessa de nos falar de portas. Ele ameaça deixar-nos plantados do lado de fora da porta. Diz-nos também que ele se mantém junto à porta. Mas não é tudo! Eis que ele, resumindo tudo, finalmente nos declara: “Eu sou a porta!” (Jo 10,7.9) Jesus e a porta se tocam tão de perto que eles se identificam!”
            Limiar, passagem, abertura – é por Jesus que temos acesso a Deus. “É por ele que Deus faz suas entradas junto do homem – afirma Trévedy; ele é a única passagem.”
            Enfim, vale lembrar que Jesus não é um ajudante de ordens que nos leva até o juiz de alçada. Nada disso! Jesus é o Filho que nos leva ao Pai e nos apresenta como seus irmãos. Por isso mesmo, a marca registrada do cristão é a virtude da confiança. “Pedi e recebereis!”
Orai sem cessar: “Clamei ao Senhor e ele me respondeu!” (Sl 120,1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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