Vai primeiro reconciliar-te... (Mt 5,20-26)
Neste expresso
imperativo de Jesus de Nazaré, destaca-se o advérbio “primeiro”, a indicar que
a reconciliação entre irmãos deve anteceder os gestos de culto a Deus. Na
verdade, todo culto seria estéril se o ódio congelasse o coração do fiel.
Vivemos um
tempo de discórdias. Nações rasgadas ao meio por lutas de classe, conflitos
entre grupos étnicos, choques de interesses políticos. O mais grave de tudo
isso é que há cristãos de ambos os lados...
Cresce,
pois, a importância do Ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco.
Cresce igualmente a urgência de uma onda pacificadora entre todos nós. Não temos
o direito de negar o perdão e a reconciliação, se também nós dependemos do
perdão que salva. Caso fosse aplicado a cada um de nós um julgamento baseado na
justiça cega, seríamos todos implacavelmente condenados. Assim, Cristo assumiu
os nossos pecados para nos reconciliar com o Pai.
Ouçamos o Papa: “Em suma,
somos chamados a viver de misericórdia, porque, primeiro, foi usada
misericórdia para conosco. O perdão das ofensas torna-se a expressão mais
evidente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que
não podemos prescindir. Tantas vezes, como parece difícil perdoar! E, no
entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para
alcançar a serenidade do coração. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a
violência e a vingança são condições necessárias para viver feliz. Acolhamos, pois,
a exortação do Apóstolo: ‘Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento’. (Ef 4,26.) E sobretudo escutemos a
palavra de Jesus que colocou a misericórdia como um ideal de vida e como
critério de credibilidade para a nossa fé: ‘Felizes os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia’ (Mt 5,7)
é a bem-aventurança em que devemos inspirar-nos, com particular empenho, neste
Ano Santo.” (Misericordiae Vultus)
De
um lado, o ódio, o ressentimento, a vingança, a lei de talião: olho por olho!
Do outro lado, o perdão, a reconciliação, as pontes estendidas entre irmãos
separados, o tecido humano regenerado.
Nesta
Quaresma, tempo de conversão, certamente ouviremos que Deus nos fala assim: “Este
é o jejum que eu prefiro: a paz entre irmãos, o perdão trocado, os braços abe.rtos, a vida passada a
limpo...”
Orai sem cessar: “Haja paz dentro de teus muros!” (Sl 122,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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