terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

PALAVRA DE VIDA

Será consagrado ao Senhor... (Lc 2,22-40)

            O povo da Aliança sabia que era pertença de Deus. Aos seus ouvidos, ecoava permanentemente a voz do Senhor: “Eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo.” (Ez 36, 28) Por isso, a idolatria era comparada à prostituição: a esposa quebrar a aliança com o esposo e entregar seu coração a outro homem.

            A noção de ser “consagrado” inclui a experiência de ser “separado para” Deus e de “exclusividade” a seu serviço, sem concessões a outro senhor. A Nova Aliança, claro, iria aprofundar e sublimar ainda mais essa relação com a experiência da “filiação”, quando o amor filial elevasse os fiéis a altitudes até então impensadas...
            No entanto, desde os tempos da Primeira Aliança, Deus se apresentava como o Esposo fiel que não desiste jamais do amor da esposa (cf. Is 62, 3-5; Os 2, 16ss), apesar de suas infidelidades. O povo de Israel sabia que era diferente das outras nações politeístas, pois tinha um único esposo, o Senhor Javé.
            Na plenitude dos tempos, o Filho de Deus nasce de Mulher e, quarenta dias após o parto, é apresentado no Templo e consagrado a Deus. Fazia parte do ritual um “resgate” simbólico, quando um animal (novilho, cordeiro, para os ricos; um par de rolas ou dois pombinhos, para os pobres) era sacrificado em troca do primogênito.
            A liturgia de hoje nos recorda que Jesus Cristo foi o primeiro homem cuja vida significou uma “con-sagração” total a Deus, sem nada reservar para si mesmo. Veio para fazer a vontade do Pai (cf. Hb 10, 7-9) e apenas fazia aquilo que ouvia de seu Pai (cf. Jo 5, 19ss).
            Desde os primeiros tempos da Igreja, a perfeita imitação de Jesus Cristo atraiu numerosos fiéis à “vida consagrada”. Como ensinou João Paulo II, “a vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito. Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus – virgem, pobre e obediente – adquirem uma típica e permanente ‘visibilidade’ no meio do mundo, e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus.” (Vita Consecrata, 1.)
            E nós? Estamos levando a sério a consagração realizada em nosso batismo cristão?
Orai sem cessar: “Procuro aquele que eu amo.” (Ct 3, 1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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