sábado, 12 de março de 2016

PALAVRA DE VIDA

Surgiu uma divisão por causa dele... (Jo 7,40-53)
               Ninguém se espante com esta fria constatação: Jesus separa. Nada mais natural. Nada mais coerente. Se a Justiça separa, com sua espada afiada, para discernir entre a verdade e a mentira, por que o Justo por excelência não iria também separar?

               Folheando as páginas do Evangelho, verificamos ser esta a reação normal diante de Jesus e de sua Palavra: quem o acolhe fica de um lado, abraçando a luz, o bem, a verdade; quem o rejeita encastela-se do lado oposto, mergulhado na sombra, no mal, na mentira.
Claro, a pessoa humana permanece livre até a hora de sua morte. É assim que um apóstolo pode morrer como traidor, como Judas; mas muitos inimigos do Evangelho acolheram a luz de Cristo em seu leito de morte. Enquanto vivos, porém, podemos postar-nos em campos opostos, de modo que o martírio será sempre uma possibilidade para quem adere a Jesus, como os mártires do México dos anos 30.
Durante a vida de Jesus, já se manifestava esta oposição: “Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam contra ele”. (Lc 15,1) Com a pregação dos primeiros apóstolos, a crise se repete: “No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra de Deus. Ao verem aquela multidão, os judeus ficaram fanatizados e, com blasfêmias, opunham-se ao que Paulo dizia”. (At 13,44-45)
Não falta quem se apoie neste permanente conflito para acusar a religião como fonte de guerras. Parecem ignorar que o homem da caverna fazia guerra para ocupar um território, as tribos primitivas faziam guerra para rapinar rebanhos, as nações modernas fazem a guerra para dominar mercados. Quando os ateus edificarem um mundo pacífico, talvez a gente abra mão do culto religioso...
E por que Jesus separa? Porque não pode haver comunhão entre a luz e as trevas (cf. 2Cor 6,14-16), entre a justiça e a iniquidade, entre Cristo e Belial, entre o templo de Deus e os ídolos. Como poderiam estar do mesmo lado os que matam para acumular e os que morrem para partilhar? Como podem conviver os que vivem como pombas e os que atacam com suas bombas?
               E não digam que Jesus não nos alertou previamente: “Eis que vos envio como cordeiros entre lobos”. (Lc 10,3) E mais: “Não vim trazer a paz, mas a espada. Eu vim pôr oposição entre o filho e seu pai, a filha e sua mãe [...] e os inimigos serão os próprios familiares”. (Mt 10,34-36)
Orai sem cessar: “Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8,35)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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