domingo, 27 de março de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Em todas as Escrituras... (Lc 24,13-35)
         Magnífico Evangelho que tem comovido os corações e convencido as mentes ao longo dos séculos! Dois discípulos derrotados pelos acontecimentos imediatos recuperam a esperança no encontro com o Ressuscitado. Um encontro em dois tempos: o primeiro em plena caminhada, à luz da Palavra; o segundo à mesa, na partilha do Pão. Palavra e Pão, juntos e inseparáveis, na mais perfeita imagem de uma celebração da Eucaristia...

         Foi, entretanto, o anúncio da Palavra, bem perto dos ouvidos, que preparou os olhos para a súbita iluminação. Ao repassar com eles as Escrituras judaicas – Moisés e os Profetas -, Jesus curou Cléofas e seu companheiro anônimo das profundas feridas que os impediam de ver e reconhecer o Salvador.
         Acompanhemos a reflexão de Hans Urs von Balthasar: “Na maravilhosa história dos discípulos de Emaús, vemos a fé pascal da Igreja crescer graças à maneira como Jesus explica, em toda a Escritura, aquilo que lhe dizia respeito. Caminhando com o desconhecido, os discípulos falam de Jesus apenas como um profeta. E como este fora executado e os relatos das mulheres não tinham sido suficientes para acabar com o desânimo deles, Jesus entra com a Escritura, que eles deviam conhecer.
         Não se trata de um profeta, mas do próprio Messias, e era a sua morte e ressurreição que as três partes da Escritura (a Lei, os Profetas e os outros livros – chamados pelos judeus de Escritos) indicavam de maneira concêntrica. Tudo o que ali é narrado profeticamente indica que sofrimento e morte não são a última palavra de Deus a respeito do homem, mas que o homem arquetípico e definitivo, o Messias, conduzirá em sua pessoa todas as imagens para a verdade definitiva.
         Que Deus seja um Deus dos vivos, e não dos mortos, Jesus já o tinha dito aos saduceus, e em Jesus ele se manifesta como “a Ressurreição e a Vida” (Jo 11,25). De modo algum é um exagero, ou uma interpretação artificial posterior da Antiga Aliança, se esta ideia é aqui posta em relevo pelo próprio Jesus e, em seu seguimento, pela Igreja, como o sentido fundamental de toda a Escritura anterior.
         E como prova dessa autointerpretação, segue-se o relato da bênção eucarística do pão – o verdadeiro maná – e o desaparecimento de Jesus, que deixa para sua Igreja sua palavra e seu sacramento.”
         Bem que Jesus Cristo gostaria que nossas eucaristias repetissem para nós a experiência dos dois de Emaús. Só depende de nós...
Orai sem cessar: “Preparas uma mesa para mim...” (Sl 23,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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