Em todas as Escrituras... (Lc
24,13-35)
Magnífico Evangelho que tem comovido os
corações e convencido as mentes ao longo dos séculos! Dois discípulos
derrotados pelos acontecimentos imediatos recuperam a esperança no encontro com
o Ressuscitado. Um encontro em dois tempos: o primeiro em plena caminhada, à
luz da Palavra; o segundo à mesa, na partilha do Pão. Palavra e Pão, juntos e
inseparáveis, na mais perfeita imagem de uma celebração da Eucaristia...
Foi, entretanto, o anúncio da Palavra,
bem perto dos ouvidos, que preparou os olhos para a súbita iluminação. Ao
repassar com eles as Escrituras judaicas – Moisés e os Profetas -, Jesus curou
Cléofas e seu companheiro anônimo das profundas feridas que os impediam de ver
e reconhecer o Salvador.
Acompanhemos a reflexão de Hans Urs von
Balthasar: “Na maravilhosa história dos discípulos de Emaús, vemos a fé pascal
da Igreja crescer graças à maneira como Jesus explica, em toda a Escritura,
aquilo que lhe dizia respeito. Caminhando com o desconhecido, os discípulos
falam de Jesus apenas como um profeta. E como este fora executado e os relatos
das mulheres não tinham sido suficientes para acabar com o desânimo deles,
Jesus entra com a Escritura, que eles deviam conhecer.
Não se trata de um profeta, mas do
próprio Messias, e era a sua morte e ressurreição que as três partes da
Escritura (a Lei, os Profetas e os outros livros – chamados pelos judeus de
Escritos) indicavam de maneira concêntrica. Tudo o que ali é narrado
profeticamente indica que sofrimento e morte não são a última palavra de Deus a
respeito do homem, mas que o homem arquetípico e definitivo, o Messias, conduzirá
em sua pessoa todas as imagens para a verdade definitiva.
Que Deus seja um Deus dos vivos, e não
dos mortos, Jesus já o tinha dito aos saduceus, e em Jesus ele se manifesta
como “a Ressurreição e a Vida” (Jo 11,25). De modo algum é um exagero, ou uma
interpretação artificial posterior da Antiga Aliança, se esta ideia é aqui
posta em relevo pelo próprio Jesus e, em seu seguimento, pela Igreja, como o
sentido fundamental de toda a Escritura anterior.
E como prova dessa autointerpretação,
segue-se o relato da bênção eucarística do pão – o verdadeiro maná – e o
desaparecimento de Jesus, que deixa para sua Igreja sua palavra e seu
sacramento.”
Bem que Jesus Cristo gostaria que
nossas eucaristias repetissem para nós a experiência dos dois de Emaús. Só
depende de nós...
Orai sem cessar: “Preparas
uma mesa para mim...” (Sl 23,5)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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