Alegrai-vos! (Mt
28,8-15)
Boas novas acendem a chama da alegria.
Foi assim na Anunciação, quando Maria ouve o convite de Gabriel. Era assim que
o profeta animava a Filha de Sião (cf. Sf 3,14). A mesma vocação à alegria se
apresenta às mulheres que foram ao túmulo de Jesus.
Quando alguém faz sua experiência
pessoal, tocado pela graça de Deus, é impossível ocultar a profunda alegria que
brota desse encontro. Ao escrever sua trajetória de descoberta de Deus,
C.S.Lewis intitulou seu livro de “Surpreendido pela Alegria” [Surprised by Joy].
Precisamos urgentemente desconfiar de
nossa vida cristã se a alegria permanece ausente. Recentemente, o Papa
Francisco vem batendo na mesma tecla, a ponto de gravar a palavra alegria [gaudium] na capa de sua Encíclica. Vamos
revisitar suas palavras. Logo na Introdução, ele escreve:
“A
ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram
com Jesus. Todos quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da
tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem
cessar a alegria. Quero, com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a
fim de os convidar para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria
e indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos.” (EG, 1)
Nosso
mundo ficou triste. A cidade é triste. A TV é triste. O próprio Carnaval se
desfaz nas cinzas de uma quarta-feira triste. Francisco alerta:
“O grande
risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma
tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca
desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida
interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os
outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza
da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Este é
um risco, certo e permanente, que correm também os crentes. Muitos caem nele,
transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a
escolha duma vida digna e plena, este não é o desígnio que Deus tem para nós,
esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado.”
(EG, 2)
Fala-se
tanto em evangelizar. Colhe-se, porém, uma colheita parca. Tudo indica que
estamos usando a tática errada, ancorados no tom roxo da Sexta-feira Santa. E
enquanto a alegria irradiada da Páscoa não for nossa marca registrada, os
convidados permanecerão em outros banquetes...
Orai sem cessar: “Puseste a
alegria no meu coração!” (Sl 4,8)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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