O primeiro de todos... (Mc
12,28b-34)
As
páginas da Sagrada Escritura estão cheias de exortações, preceitos e
mandamentos. Alguns deles são de ordem individual: “Todo homem prudente age com
conhecimento de causa.” (Pr 13,16.) Outros, de ordem familiar: “Honra teu pai e
tua mãe, para que tenhas vida longa sobre a terra.” (Dt 5,16.) E outros, ainda,
de alcance social: “Não entregarás um escravo ao seu senhor, se ele se refugiou
junto de ti.” (Dt 23,16.)
Mas
essas diversas “leis” não possuem igualmente o mesmo valor. Precisamos levar em
conta a hierarquia entre os preceitos e mandamentos. É disto que vem tratar o
Evangelho de hoje, quando Jesus aponta como alicerce do Decálogo o “direito” do
Deus único a um amor absoluto, sem limitações nem cláusulas condicionantes:
“Ama o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e de todas as tuas forças.”
E
se este “primeiro” mandamento não é levado em conta, isto é, se Deus não é
reconhecido por nós como o único Absoluto, logo estaremos encontrando bons
motivos e pretextos aceitáveis para não cumprir os demais, conforme nossos
interesses e conveniências. Afinal, se não amo a Deus de modo absoluto, logo
estarei amando o dinheiro, o poder, a fama, o prazer, a mesa farta ou a minha
coleção de figurinhas premiadas. E estarei pronto a ferir alguém por causa de
meus “amores”...
Daí, a
conclusão óbvia: qualquer tentativa de viver uma ética puramente humana,
baseada apenas no bem comum ou em uma espécie de aérea e esgarçada fraternidade
universal, mas deixando de lado qualquer referência ao Criador, estará
antecipadamente fadada ao fracasso. A Bíblia ensina que nosso comportamento
moral é inseparável de nossa relação com Deus.
Na Encíclica
“O Esplendor da Verdade”, sobre a doutrina moral da Igreja, o Papa João
Paulo II já escrevia: “Os primeiros cristãos, provindos quer do povo judaico
quer dos gentios, distinguiam-se dos pagãos não somente pela sua fé e pela
liturgia, mas também pelo testemunho da própria conduta moral, inspirada na
Nova Lei”. (VS, 26)
Isto
devia ser tão claro, que sequer gerasse polêmica: se não temos um Pai comum,
não somos irmãos. Se não somos irmãos, por que motivo iríamos abrir mão da
ganância, do lucro, dos golpes que nos enriquecem e prejudicam a outros? Se não
somos irmãos, por que motivo nos sacrificaríamos em benefício de outros? A
fraternidade na horizontal humana só tem sentido se vivemos a filiação na
vertical divina. Não há irmãos sem um Pai comum...
Um
belo projeto de vida: viver como irmãos!
Orai sem cessar: “Quanto
eu amo a tua Lei, Senhor!” (Sl 119,97)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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