quarta-feira, 20 de abril de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Para que não fiquem nas trevas... (Jo 12,44-50)
               Deus é luz. Esta afirmação é de João, apóstolo e evangelista (1Jo 1,5). “Deus é luz e não há nele treva alguma.” Jesus, o Filho de Deus encarnado, apresenta-se como luz: “Eu sou a luz do mundo”. (Jo 8,12) E acrescenta: “Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida”.
               Não podemos ignorar que, na Criação, a primeira criatura chamada a existir tenha sido exatamente a luz. Nada existia. O Criador vai iniciar o processo de chamar o Cosmo à existência. E ele brada: “Faça-se a luz!” E a luz se fez (cf. Gn 1,3) E a verificação de que o sol e os astros só entrariam em cena no 4º dia da Criação, sugere que se trata de outro tipo de “luz”, e não mera radiação luminosa.
               O Evangelho de João é todo atravessado pela imagem da luz que foi enviada aos homens (1,9), testemunhada por João Batista (1,7), luz que abriu os olhos ao cego de nascença (9,5-7) e que, após as trevas do Calvário, traria a manhã de volta na ressurreição de Cristo.
               Qual o mistério que levaria alguém a “amar mais as trevas do que a luz”? (Jo 3,19) Lembro-me do Pe. Jonas Abib, nos anos 80, que falava das casas noturnas com sua “luz negra”, ou dos delinquentes que quebravam as lâmpadas da rua para mantê-las na escuridão. Nos dois casos, dizia o pregador, percebia-se que a luz incomodava, pois trazia a claro as obras e as intenções de quem tinha consciência de seus erros.
               É isto: a luz revela. Arranca os véus da mentira e do pecado, denuncia a corrupção, a degeneração, o abuso, a violência, o crime. Para aquele que optou pelo mal, a luz é insuportável. Isto explica em muita gente a nítida aversão pela Bíblia, pois a Palavra de Deus – mesmo fechada e silenciosa – é permanente denúncia de seus descaminhos.
               Ora, o Deus que é Luz veio para nos iluminar. Em seu sermão-programa, na sinagoga de Nazaré, Jesus repete a antiga promessa da Primeira Aliança: “proclamar aos cegos a recuperação da vista”. (Lc 4) Na vigília pascal, o círio aceso que entra no templo às escuras é o símbolo mais evidente da missão iluminadora de Cristo no meio dos homens: “Ecce lumen Christi! Eis a luz de Cristo!”
               A Primeira Aliança conheceu a coluna de fogo que guiou Israel pelo deserto. Mas foi uma luz temporária e limitada. Agora, na Nova Aliança, Jesus se apresenta como luz eterna, ao alcance de todos os povos, “a iluminar todo homem que vem a este mundo” (Jo 1,19). Católicos, ortodoxos, luteranos e anglicanos repetem o mesmo brado: “Eis a luz de Cristo!” Eles sabem que não há outro meio de iluminar as trevas de humanidade...
Orai sem cessar: “Ergue sobre nós, Senhor, a luz da tua Face!” (Sl 4,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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