terça-feira, 19 de abril de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Minhas ovelhas me seguem... (Jo 10,22-30)
               Desde o início da Igreja, logo após a vinda do Espírito Santo, em Pentecostes, a religião dos cristãos foi um “seguimento” de Jesus. Ser cristão era estar “no Caminho”, “caminhar” com o Ressuscitado.

               Jesus manifesta neste Evangelho o divisor de águas entre seus discípulos e os adversários que o interpelam: “Vós não acreditais... Minhas ovelhas ouvem a minha voz...” Naturalmente, “ouvir” é bem mais que escutar: inclui “obedecer”. A sabedoria espiritual se resume em obedecer estritamente à vontade do Pai que o Filho nos revela. Ter um “coração ouvinte”, como o jovem Salomão pediu a Deus (cf. 1Rs 3,9), é a prova da fidelidade, a marca do fiel.
               Não é por acaso que São Paulo apóstolo se refere mais de uma vez à “obediência da fé” (Rm 1,5; 16,26): quem crê, obedece. Isto é, a fé em Jesus Cristo é exteriorizada concretamente em atos de obediência. Uma espécie de fé algo abstrata, que se confunda com sentimentos e aéreas intenções jamais praticadas, seria uma fé ilusória. Fé e compromisso com Jesus são absolutamente inseparáveis.
               Só para exemplificar: falando em nome de Cristo, o Magistério da Igreja repete o ensinamento do Mestre e não aceita que o matrimônio cristão possa ser dissolvido. Ao “ouvir” este ensinamento, o “fiel” se decide a agir, na prática, de acordo com a lição recebida. Assim, está provada praticamente a sua fé. Se, ao contrário, o (in)fiel argumenta, contradiz, busca justificativas de ordem prática e, afinal, age de maneira diferente, a desobediência manifesta claramente sua falta de fé.
               No final do 4º Evangelho, depois de ter sabatinado a Simão Pedro, perguntando-lhe por três vezes se o amava, Jesus ressuscitado resume a missão do primeiro Papa em um breve e seco imperativo: “Segue-me!” (Jo 21,19b.) Nunca é demais recordar que o último passo desse “seguimento” seria uma cruz, em Roma: cravado na cruz, Pedro demonstraria concretamente seu amor e sua fé.
               Seja qual for o nosso estado (leigo, religioso, ministro ordenado...), ele sempre acarreta deveres: os deveres de estado. É impossível seguir Jesus fora do cumprimento de nosso dever de estado. A mãe amamenta seu bebê, o pai trabalha para sustentar a família, o estudante estuda, a contemplativa adora, o paciente sofre. Se o amor transfigurar tudo isto, então seguimos a Jesus.
               Tenho cumprido o meu dever de estado?
Orai sem cessar: “Jesus, eu quero ouvir a tua voz!”

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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