Amai-vos! (Jo
13,31-33a.34-35)
Na refeição de despedida – a
Última Ceia – Jesus repete o mesmo ensinamento do Sermão da Montanha: “Ouvistes
o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Ora, eu vos
digo: ‘Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem!’” (Mt
5,43-44)
Estamos longe disso, não é? Um
correr de olhos nas manchetes ou nas redes sociais mostra a avalancha de ódio,
tão letal quanto a lama da barragem rompida em Mariana. É um coral que cobra
“vendettas”, punições, retaliações contra adversários, inimigos e...
ex-aliados.
Neste Evangelho, Jesus já anuncia
sua despedida: “Por pouco tempo ainda estou convosco”. De certo modo, ele
prenuncia sua volta ao Pai, na Ascensão. Boa oportunidade para propor também a
seus discípulos essa difícil ascensão espiritual que exige o amor mútuo,
incondicional, universal. O próprio Jesus o define como um “novo mandamento”.
A Primeira Aliança não estava
preparada para esta difícil escalada, observa Urs von Balthasar, simplesmente
por falta de referencial. Faltava Jesus. Eis o seu comentário:
“É isto que ele chama de
‘mandamento novo’, pois se havia no Antigo Testamento muitos mandamentos, este
ainda não podia ser formulado, pois Jesus ainda não havia apresentado o modelo
de amor pelo próximo. Agora, temos apenas de contemplá-lo para conhecer e
observar o único mandamento que ele nos dá, e que basta para todos.
Para dizer a verdade, este
mandamento nos exige totalmente: já que Jesus deu a vida por nós, seus amigos,
também nós devemos dispor toda a nossa vida a serviço do próximo, que deve ser
nosso amigo.
Mas este mandamento novo e
suficiente para tudo é, também, enquanto substância do cristianismo, o que lhe
garante a perseverança: “Nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos”.
Nisto e somente nisto. Nenhuma outra característica da Igreja pode convencer o
mundo da verdade e da necessidade da pessoa e da doutrina de Cristo. O amor
irradiante vivido pelos cristãos será a justificação de todas as doutrinas,
todos os dogmas e todas as prescrições morais da Igreja de Cristo.”
Claro que nos apresentam a mesma
objeção: “Mas como amar um inimigo?” Creio que só existe um caminho: torná-lo
nosso amigo. Dom Bosco cativou a amizade dos pivetes de Turim que assaltavam os
passantes. Damião de Veuster abraçou os leprosos de Molokai que aterrorizavam
até os familiares. Jesus deu a vida por nós, cujos pecados o levaram ao
Calvário. Uma vez cativados, uma vez amigos, será mais fácil amar os
inimigos...
Orai sem cessar:
“Ele nos amou primeiro...” (1Jo
4,19)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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