O Vento sopra onde quer... (Jo 3,7b-15)
Belo
símbolo é o VENTO! Na Bíblia, o vento se mistura a vários outros símbolos para
representar o Espírito de Deus.
Ali
está o FOGO, capaz de mudar os estados da matéria, liquefazendo o sólido,
vaporizando o líquido. Nada resiste à sua ação transformadora. O Espírito
transforma o coração do homem...
Ali
está a ÁGUA, água viva que corre e fertiliza os campos, purifica os penitentes
no Jordão, sacia a samaritana no poço de Jacó, dá vida às palmeiras do oásis. O
Espírito vivifica o homem...
Ali
está o AZEITE, o sangue da oliveira que se deixou premir e, agora, alivia a
ferida, massageia o atleta, dá brilho ao rosto da noiva oriental e acende uma
luz trêmula na noite dos homens. O Espírito cura, fortalece, ilumina...
Ali
está a POMBA do Gênesis e do Batismo de Jesus, anunciando a aliança do Criador
com a humanidade e identificando o Filho de Deus que assumiu nossa carne. O
Espírito aponta para Jesus...
Todos
estes símbolos do Espírito de Deus mostram um traço em comum: a mobilidade. O Espírito é móvel, é graça
em ação, amor em movimento. Não admira, pois, que Jesus diga a Nicodemos que o
VENTO sopra onde quer. Não é possível controlar o Espírito de Deus. Ele sopra e
move e age em lugares e pessoas os mais inesperados.
Ao
dizer que o Espírito sopra onde quer, Jesus revela que existe no Vento uma
vontade, um desígnio divino que não depende de iniciativas humanas. O próprio
Concílio Vaticano II deixou registrado que são encontradas “sementes da
Palavra” [semina Verbi, cf. Decreto Ad Gentes, 11] em tradições estranhas ao
cristianismo. E foi o mesmo VENTO que dispersou tais sementes nessas remotas
searas.
No
passado, o vento mereceu muita atenção dos antigos. Chegou a ser divinizado na
figura de Eolo. Os primeiros mapas incluem bochechas soprando dos “quatro
ventos”, os pontos cardeais. Do vento dependiam os navegantes em suas galeras e
caravelas. Depois, com a força do vapor, quase o esquecemos... Agora, estamos
redescobrindo a importância do vento e nossas planícies acolhem “florestas” de
árvores eólicas para a geração de energia.
Quando
será que voltaremos a prestar atenção ao Vento de Deus, o Espírito Santo, que
tenta abalar nossas janelas trancadas, renovar nossos galhos ressequidos, ainda
que seja preciso quebrar a ramagem e abalar as raízes?
Orai sem cessar: “Vem
dos quatro ventos, ó Espírito de Deus!” (Ez 37,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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