Eles estão no mundo... (Jo 17,1-11a)
Eis
uma das páginas mais comoventes do Evangelho: a “oração sacerdotal” de Jesus.
Aproxima-se o momento de sua “glorificação”, quando Jesus será erguido bem
alto, na cruz, e atrairá a si todos os homens. Em clima de máxima intimidade,
Jesus fala ao Pai sobre “os seus”, isto é, aqueles discípulos que o próprio Pai
lhe confiara e que “guardaram a palavra” de Deus. Jesus pede por eles, não pelo
mundo. Aqui, a palavra “mundo” não designa o Cosmo da Criação, mas o espaço
humano (social, político, econômico) que permaneceu sempre fechado ao anúncio
da Boa Nova, aquele “território” hermético à graça, onde não se obedece à
Vontade do Pai.
No
entanto, diz Jesus ao Pai, eles (os discípulos) estão no mundo. E este é o
grande desafio que permanece atual para todo fiel: estar NO mundo sem ser DO
mundo! E chega a ser trágico que o Filho de Deus tenha sido entregue porque o
Pai amava o mundo (cf. Jo 3, 16), e o mesmo mundo o tenha rejeitado sem chegar
a conhecê-lo (cf. Jo 1, 10).
Ora,
a missão de testemunhar Jesus, da qual não se pode demitir, está situada bem no
meio do mundo, não no espaço dos anjos! É infantilidade esperar por aplausos de
um mundo fechado ao amor de Deus, dominado por ídolos ferozes e pronto a
destilar seu ódio mortal contra a Igreja. Aí mesmo, no mundo, onde estão os
lares e empresas, escolas e meios de comunicação – aí é nosso campo de
evangelização!
Por isso
mesmo, a conversão dos corações e a mudança das estruturas têm um preço: o
sacrifício do discípulo, a exemplo do Mestre. Custa trabalho e suor, sangue e
perseguições, incompreensões e calúnias. Quem achar que o preço é excessivo,
logo passará para o outro lado...
Enquanto
isso, do “lado de cá”, no território aberto ao amor, Madre Teresa de Calcutá
cuida dos miseráveis, Maximiliano Kolbe dá a vida em troca de outro
prisioneiro, Gianna Beretta Molla recusa o aborto que lhe permitiria ser
operada do câncer, Albert Schweitzer dedica sua medicina aos doentes do Congo
Belga, Dom Bosco adota os órfãos da pobreza, Pe. Pio distribui a misericórdia
de Deus no confessionário. Com esforço e dedicação, permitem que Deus amplie
seu território nos corações humanos, exatamente o espaço onde o Reino deve
crescer...
E
nós? Que estamos fazendo para estender o Reino de Deus neste mundo? De que lado
estamos? De cá? Ou de lá?
Orai sem cessar: “Bendito
seja o Senhor,
que adestra minhas mãos para o combate!” (Sl 144, 1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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