segunda-feira, 9 de maio de 2016

PALAVRA DE VIDA

 O Pai está sempre comigo... (Jo 16,29-33)
                A moderna pesquisa sobre o “Jesus histórico” não precisava ter deixado na sombra o mistério de amor que é a relação de Cristo com o Pai. Afinal, é exatamente a profunda certeza de ser amado pelo Pai que orienta Jesus para a salvação da humanidade, mesmo ao extremo inimaginável de sua morte na cruz. No Evangelho de João, o discípulo amado, revela-se a convicção de Jesus a respeito do amor recebido do Pai. Na expressão do teólogo dominicano Ceslas Spicq, “é o ágape que define suas relações recíprocas e sua união”. Vamos acompanhar o Pe. Spicq:

               “Quando Jesus evoca essa dileção divina a seu respeito, apresenta-a sempre como a de um pai em face de seu filho: o Pai ama o Filho (Jo 3,35; 10,17; 15,9; 17,24.26), mesmo quando esta caridade se dirige ao Cristo-homem. Nesse caso, o Salvador proclama que o Pai é maior do que ele (10,20; 14,28) e o tom de seu amor é tanto o de benevolência e de intimidade (5,20; 17,23) quanto o de generosidade: “O Pai ama o Filho e tudo entregou em suas mãos” (3.35).
               Temos de compreender que Deus manifesta sua caridade ao confiar ao seu Enviado os seus segredos e atribuindo-lhe todo poder. Se quase existe uma sinonímia entre “amar de caridade” e “dar”, é pelo fato de ser essa largueza a expressão do afeto do Pai em relação ao Filho. Aquele “honra” esse; tem-no em particular estima, tem-no em alta conta, e seus dons são a maneira privilegiada de autenticar ao mesmo tempo sua mensagem – “o Pai o marcou com um selo” (6,27; cf. 10,36) – e de provar o ágape que dedica a ele.
               De seu lado, a caridade de Jesus para com seu Pai não é menos ativa nem generosa. Exprime-se por uma constante e exata fidelidade à sua vontade. Na alma de Cristo há uma equivalência entre sua caridade para com Deus e a observância dos preceitos: “observei os mandamentos de meu Pai e permaneço em seu amor” (15,10). A dileção fiel manifesta-se na obediência. Aliás, ela inspira todas as ações de Jesus e, antes de tudo, sua aceitação do sacrifício da cruz: ‘É preciso que o mundo saiba que amo o Pai e faço como o Pai me ordenou’ (14,31).”
               Esta bela citação de um livro saboroso [“O Amor de Deus revelado aos homens nos escritos de São João” –Paulinas, 1981) traz à nossa lembrança aquilo que devia ser o fundamento de nossa vida cristã: quem ama, obedece. Motivada pelo amor, a obediência não escraviza; antes, liberta para o infinito.
               A vida do homem Jesus é a prova cabal desta verdade...
Orai sem cessar: “O Senhor guarda a todos que o amam!” (Sl 145,20)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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