terça-feira, 17 de maio de 2016

PALAVRA DE VIDA

Seja o último... (Mc 9,30-37)
               Este Evangelho nos traz palavras de Jesus que batem de frente com os padrões dominantes no mundo capitalista. A salada de individualismo, temperada com o subjetivismo, alimenta sempre mais o ego em busca de satisfação.

Na sociedade capitalista, aprendemos a buscar o sucesso, a merecer medalhas de honra, a ocupar os primeiros lugares. Claro, tudo isso tem seu preço.
Uma análise atenta (ou, como diriam os antigos mestres espirituais, um bom exame de consciência...) de nossa própria pessoa acabaria por identificar as raízes de nossa impaciência, dos repentes de irritação, das explosões de cólera, da aversão pelos competidores. É que, no fundo, nós nos temos em alta conta. Podem chamar de orgulho ou de vaidade.
Como ensinava Isaac, o Sírio [Séc. IX], “o amor não saberia carregar a cólera, irritar-se ou ofender alguém com paixão. A prova do amor e do conhecimento é a humildade, que nasce da boa consciência em Cristo, nosso Senhor”. De fato, enquanto os humildes se voltam para o outro, os orgulhosos concentram-se em si mesmos, nos próprios direitos e privilégios, manifestando ressentimentos, pretensas ofensas, necessidades não atendidas.
Prossegue o mesmo Mestre da Igreja primitiva: “Foge da vanglória e serás glorificado. Teme o orgulho e serás exaltado. E se desprezaste a vanglória, foge daqueles que procuram por ela. Vive com aqueles que têm a humildade e aprenderás como eles se comportam. E se é útil a contemplação de tais homens, quanto mais os ensinamentos de sua boca!
Quando encontras teu próximo, esforça-te por honrá-lo acima de sua medida. Louva-o, mesmo naquilo que ele não tem. E quando ele te deixar, nada digas sobre ele, a não ser coisas belas e dignas. Impondo a ti mesmo este hábito, forma-se em ti uma boa figura, adquires em ti uma grande humildade e chegas sem dificuldade às grandes coisas.”
O sonho de ser grande, o impulso de se destacar entre as pessoas, o medo de ser “gente comum” sobrecarregam os ombros da pessoa com um fardo que logo deixará suas sequelas e suas feridas. Gera-se uma tensão que excita e desgasta. A busca da vitória impede os tempos de descanso e distensão. Se a vitória acontece, as pessoas próximas facilmente serão induzidas ao ciúme e à inveja. É mais fácil amar os pequeninos. Os vitoriosos podem acabar no cume de uma montanha chamada solidão...
Como pano de fundo para este Evangelho, a casinha humilde de Nazaré, onde três pessoas se dedicam a servir, orientando seus dons para o bem dos outros, dispostas a todo tipo de sacrifício – que perde seu lado oneroso, pois é motivado pelo amor...
Orai sem cessar: “Servi ao Senhor com alegria!” (Sl 100,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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