sexta-feira, 27 de maio de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Sentiu fome... (Mc 11,11-26)
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               Mais uma vez, os Evangelhos nos mostram com simplicidade, mas com realismo, o lado humano de Jesus. E cai por terra a antiga heresia dos docetistas, segundo os quais a humanidade de Jesus Cristo seria mera “aparência”.

               Na carne dos mortais, nascido de Mulher, o Filho de Deus tem fome. À beira do poço de Jacó (Jo 4,6-7), ao sol do meio-dia, vamos encontrá-lo cansado e com sede. Se morre o amigo Lázaro (Jo 11,35), o homem Jesus chora com a dor de todos os humanos. Em sua agonia (Lc 22), o Filho de Maria sua sangue sob a pressão da angústia. Cravado na cruz, ele brada: “Tenho sede!” (Jo 19,28.)
               Apesar disso, quando apontamos Jesus como nosso modelo de vida cristã, sempre surge alguém para contrapor: “Mas ele era Deus!” E esse “defeito” – sua divindade! - deveria descartá-lo em definitivo como nosso exemplo de vida. Sim, de fato Jesus era Deus, mas voluntariamente despojado de seus atributos divinos, igual a nós em tudo, exceto no pecado (Hb 4,15).
               Gratos que somos ao Senhor, que se fez vítima de propiciação para nos salvar, vemos crescer ainda mais a nossa confiança quando nos lembramos de sua humanidade. Não se trata de um deus pagão, mergulhado nas nuvens etéreas do Olimpo, indiferente à nossa condição humana.
Como se lê na Carta aos Hebreus, “não temos nele um pontífice incapaz de se compadecer de nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado”. Com a Encarnação do Verbo, o Forte se fez fraco. O Infinito se fez pequeno. O Eterno entregou-se à passagem do tempo. O Criador do trigo passou fome. O inventor da água passou sede...
               Se aqui e ali, episodicamente, Jesus Cristo também demonstrava sua divindade com (raros!) gestos de poder, como quando serenou a tempestade ou multiplicou os pães, no seu dia-a-dia ele se submeteu por inteiro às vicissitudes do comum dos mortais. E nada o demonstra mais claramente que a contemplação dos admiráveis ícones do Oriente, com o Menino a mamar na Virgem Mãe. É a “Virgem da Humildade” [ou Galaktotrophousa, a que alimenta com leite], manifestando toda a fragilidade e a dependência escolhida pelo Filho de Deus.
               Depois disso, como reclamar de nosso trabalho e do esforço que a existência cobra de nós? Humano e despojado, Jesus caminha conosco todos os dias de nossa vida...
Orai sem cessar: “Tenho sede de Deus!” (Sl 42,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

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