sábado, 25 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

Eu não sou digno... (Mt 8,5-17)

Um centurião, chefe de cem soldados, acostumado a dar ordens e a vê-las cumpridas. Uma só palavra e basta! Por certo, já está informado sobre Jesus, o estranho Rabi da Galileia que cura enfermos e liberta os possessos. Reconhece sua autoridade sobre os males físicos e espirituais. Este reconhecimento (uma modalidade de fé?) é que o anima a rogar pelo servo doente.
Ao ver que Jesus de Nazaré faz menção de ir pessoalmente à sua casa, o militar romano se espanta: não precisa tanto, basta uma palavra! Um militar conhece o poder de uma ordem de comando. Além disso, um judeu que entrasse no ambiente “impuro” do estrangeiro, ficaria também ele ritualmente impuro. E o centurião tem um bom argumento para que Jesus de Nazaré não visite seu lar, a casa de um estrangeiro, invasor e “pagão”: “Senhor, eu não sou digno!”
Como não pensar naquele publicano da parábola (cf. Lc 18,9ss), que sequer se aproximava do altar e, lá do fundo do Templo, olhos no chão, batia no peito e se rebaixava diante do Senhor: “Tem piedade de mim, que sou pecador”? E sua humildade tocou os ouvidos de Deus...
Não é sem motivo que nossas Eucaristias costumam começar por um ato penitencial. É, talvez, uma tentativa desesperada da Igreja para nos recordar nossa condição de pecadores, habitualmente esquecida. Espera-se que, batendo no peito, examinando a própria consciência, nós desistamos da impropriedade de cobrar alguma coisa de Deus, ou de apresentar-lhe nossos méritos (aliás, inexistentes) ou, mesmo, reclamar asperamente do Senhor pela má qualidade dos serviços que Ele nos presta...
Como nos faz falta esse sentimento de indignidade! O sentimento do pródigo que volta para casa com um discurso ensaiado: “Já não sou digno de ser chamado teu filho... Podes tratar-me como um dos empregados...” (Lc 15,19.) Tudo isso para ouvir, surpreso, a inesperada resposta do Pai misericordioso: “Não tem jeito, meu filho! Enquanto eu for Pai, tu serás meu filho!”
É assim que se descobre a verdade fundamental em nossa relação com Deus: não somos amados porque somos bons; somos amados porque somos filhos... Não é por mérito nosso. É pelo amor do Pai...
De que maneira eu costumo apresentar-me diante de Deus? Desfio o longo rosário de minhas boas ações e cobro retribuição? Ou simplesmente confesso meus pecados e recebo o seu perdão?
Orai sem cessar: “Junto ao Senhor se acha a misericórdia!” (Sl 130,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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