domingo, 26 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Fogo do céu! (Lc 9,51-62)
            A reação dos dois discípulos de Jesus, irados contra os samaritanos que lhes negavam pousada, foi a tal ponto fora de propósito, que valeu aos dois infelizes um apelido permanente: “filhos do trovão” (cf. Mc 3,17).

            É bem verdade que sua ira tinha “base escriturística”, pois o exemplo de Elias, no Antigo Testamento, exterminando a espada 450 profetas de Baal (cf. 1Rs 18), podia servir-lhes de exemplo. Aliás, péssimo exemplo!
            Não admira que tenham recebida pronta advertência do Mestre: “Não sabeis de que espírito estais possuídos!” (cf. v. 55b) Ora, de que “espírito” deve estar animado o discípulo de Jesus? Quem nos responde é o Papa Francisco, ao nos convidar para o Jubileu da Misericórdia:
            “No Evangelho de Lucas, encontramos outro aspecto importante para viver, com fé, o Jubileu. Conta o evangelista que Jesus voltou a Nazaré e ao sábado, como era seu costume, entrou na sinagoga. Chamaram-no para ler a Escritura e comentá-la. A passagem era aquela do profeta Isaías onde está escrito: O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu: enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros; para proclamar um ano de misericórdia do Senhor’. (61,1-2)
Um ano de misericórdia: isto é o que o Senhor anuncia e que nós desejamos viver. Este Ano Santo traz consigo a riqueza da missão de Jesus que ressoa nas palavras do Profeta: levar uma palavra e um gesto de consolação aos pobres, anunciar a libertação a quantos são prisioneiros das novas escravidões da sociedade contemporânea, devolver a vista a quem já não consegue ver porque vive curvado sobre si mesmo, e restituir dignidade àqueles que dela se viram privados.
A pregação de Jesus torna-se novamente visível nas respostas de fé que o testemunho dos cristãos é chamado a dar. Acompanhem-nos as palavras do Apóstolo: Quem pratica a misericórdia, faça-o com alegria (Rm 12,8).
            Como se vê, nossa missão eclesial não consiste em clamar por fogo do céu, nem fritar eventuais adversários ou dizimar opositores. Se há um fogo a espalhar à nossa volta, certamente será o fogo do amor. O mesmo fogo que desceu no Cenáculo, naquela manhã de Pentecostes...
Orai sem cessar: Parecia haver um fogo a me queimar por dentro...” (Jr 20,9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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