sábado, 4 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Teu pai e eu... (Lc 2,41-51)
            Pode parecer um detalhe irrelevante. Para mim, porém, traz um sentido especial. Por um lado, a conjunção aditiva entre o pai e a mãe, óbvio sinal de unidade e de mútuo comprometimento: o casal que faz um só. Por outro lado, a mãe que deixa o primeiro lugar da frase ao pai, enquanto o “eu” vai para o final da fila.

            Deveríamos ainda levar em conta o contraste entre um pai com minúscula – José, pai legal, pai nutrício, pai putativo – e um Pai com maiúscula – o Pai celeste que, evidentemente, tem a preeminência em tudo. É principalmente das coisas dele que o Menino deve cuidar.
            Nada, entretanto, que diminua o valor de José. “Jesus teve um pai humano – comenta André Louf. De modo algum – nós o cremos firmemente - um pai antes do nascimento, mas um pai após seu nascimento, um pai do qual Jesus tinha mais necessidade do que de um homem que o tivesse gerado. Um pai aqui em baixo cuja tarefa seria a de lhe revelar, pouco a pouco, a força do amor.
            Simplesmente porque José amava ternamente a Maria e, juntos, em sua comum afeição, se debruçavam sobre o pequeno Jesus com esse amor de pai e de mãe que nós ousamos chamar de infinito já aqui em baixo. É nesse clima de amor, de total confiança, de perfeita segurança, que o pequeno Jesus despertou para si mesmo e para sua humanidade, que ele se situou na vida, que ele se reconheceu diante das outras crianças, que ele se afirmou livremente com esta liberdade gratuita que só é despertada em nós por um grande amor.”
            Sim, jamais elogiaremos o suficiente a presença de José na formação do homem Jesus. É de José e por José que o inconsciente humano de Jesus foi impregnado, modelado, plasmado pelo modelo exemplar do artesão de Nazaré. Força e doçura, presença e candura, determinação e fidelidade – apenas algumas das facetas de um homem tão virtuoso que a Escritura o define como “justo” (cf. Mt 1,19).
            Se o Menino “crescia em estatura, sabedoria e graça” (cf. Lc 2,40), isto não ocorre de modo “natural”, em progressão automática, mas só se explica pela presença educadora dos pais. Sem muitas palavras, talvez. Sorrisos e olhares, gestos e atitudes, comportamentos repetidos – e eis a educação que se consolida no caráter de um filho. Ah! Como precisamos de pais e de mães!
Orai sem cessar: Os filhos são herança do Senhor...” (Sl 127,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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