domingo, 5 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

Levavam um morto para enterrar... (Lc 7,11-17)
            As coisas são assim: morreu, enterra-se. Diante da morte, nós nos resignamos, pois se trata do irremediável...

            Não para Jesus, porém! Diante da dor extrema da viúva que leva seu filho único, arrimo de sua vida, em direção ao cemitério, Jesus reage ao sofrimento humano com um gesto de misericórdia capaz de reanimar o morto. Fonte da vida, Jesus sabe vencer a morte.
            O monge André Louf soube ver na imagem da viúva a figura da Igreja, cuja missão consiste em apresentar ao Senhor da Vida os seus filhos mortos, sempre firme na esperança de que as nossas mortes jamais sejam definitivas.
            “Este milagre significa a salvação que nos é trazida, e esta mulher representa a Igreja que é nossa mãe, a única que, em sua miséria, conservou o olhar maravilhado de Deus. É que também a Igreja, como mãe, apresenta a Cristo seus filhos fracos, enfermos e mortos.
            E como poderia ele não ser tomado de piedade por sua Igreja se, como diz São Paulo, ‘Cristo ama sua Igreja: entregou-se por ela a fim de santificá-la... pois queria apresentá-la a si mesmo toda resplendente, sem mancha nem ruga, nem nada semelhante, mas santa e imaculada’ ? (Ef 5,25) Através do amor que ele dedica à nossa mãe Igreja, a misericórdia de Jesus se derrama sobre cada um de nós, pois é ela que carrega com nossas fraquezas e as conduz sob o olhar salvador de Jesus.
            Esta Igreja mãe é em primeiro lugar a comunidade eclesial à qual pertencemos. Envolve-nos o amor de nossos irmãos, cerca-nos e suporta nossas fraquezas, tal como também nós, por nossa vez, tentamos suportar as fraquezas deles. Através de todas as nossas relações de irmãos, é o amor maternal da Igreja que se manifesta para cada um de nós: “Levai os fardos uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”. (Gl 6,2)
            Diante de tantos mortos à nossa volta, parece mais fácil nos unirmos às carpideiras e à multidão enlutada; afinal, é assim que todos fazem. Com um pouquinho de fé, porém, nos voltaremos para Cristo, fonte da vida, apresentando a ele os nossos mortos – mortos pela droga, pelo pecado, pelo desespero, pela depressão –, e logo veremos que o Senhor se comove, se move e chama de volta à vida todos aqueles de quem a sociedade já havia desistido...

Orai sem cessar: Senhor, tu me levantas das portas da morte!” (Sl 9,14)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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