Levavam um morto para enterrar... (Lc 7,11-17)
As coisas são assim:
morreu, enterra-se. Diante da morte, nós nos resignamos, pois se trata do
irremediável...
Não para Jesus, porém!
Diante da dor extrema da viúva que leva seu filho único, arrimo de sua vida, em
direção ao cemitério, Jesus reage ao sofrimento humano com um gesto de
misericórdia capaz de reanimar o morto. Fonte da vida, Jesus sabe vencer a
morte.
O monge André Louf soube
ver na imagem da viúva a figura da Igreja, cuja missão consiste em apresentar
ao Senhor da Vida os seus filhos mortos, sempre firme na esperança de que as
nossas mortes jamais sejam definitivas.
“Este milagre significa
a salvação que nos é trazida, e esta mulher representa a Igreja que é nossa
mãe, a única que, em sua miséria, conservou o olhar maravilhado de Deus. É que
também a Igreja, como mãe, apresenta a Cristo seus filhos fracos, enfermos e
mortos.
E como poderia ele não
ser tomado de piedade por sua Igreja se, como diz São Paulo, ‘Cristo ama sua
Igreja: entregou-se por ela a fim de santificá-la... pois queria apresentá-la a
si mesmo toda resplendente, sem mancha nem ruga, nem nada semelhante, mas santa
e imaculada’ ? (Ef 5,25) Através do amor que ele dedica à nossa mãe Igreja, a
misericórdia de Jesus se derrama sobre cada um de nós, pois é ela que carrega
com nossas fraquezas e as conduz sob o olhar salvador de Jesus.
Esta Igreja mãe é em
primeiro lugar a comunidade eclesial à qual pertencemos. Envolve-nos o amor de
nossos irmãos, cerca-nos e suporta nossas fraquezas, tal como também nós, por
nossa vez, tentamos suportar as fraquezas deles. Através de todas as nossas
relações de irmãos, é o amor maternal da Igreja que se manifesta para cada um
de nós: “Levai os fardos uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”.
(Gl 6,2)
Diante de tantos mortos
à nossa volta, parece mais fácil nos unirmos às carpideiras e à multidão
enlutada; afinal, é assim que todos fazem. Com um pouquinho de fé, porém, nos
voltaremos para Cristo, fonte da vida, apresentando a ele os nossos mortos –
mortos pela droga, pelo pecado, pelo desespero, pela depressão –, e logo
veremos que o Senhor se comove, se move e chama de volta à vida todos aqueles
de quem a sociedade já havia desistido...
Orai sem cessar: “Senhor, tu me levantas das portas da morte!” (Sl 9,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário