sexta-feira, 15 de julho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Eu quero a misericórdia... (Mt 12,1-8)

           As palavras de Jesus nos situam diante de dois polos que se excluem: misericórdia X sacrifícios. Como pano de fundo, a atitude legalista dos fariseus que entendiam a relação com Deus como algo baseado no mérito, no cumprimento de normas, em gestos rituais despidos de alma.

            A “novidade” apresentada por Jesus está ancorada na evidência (para ele!) de que o impulso “natural” de Deus é o perdão, a acolhida, a salvação. E não porque seríamos bons, mas porque o próprio Deus é bom...
            Enquanto os israelitas esperavam comover o céu com o incenso que subia, era Deus quem descia até os homens na pessoa de seu Filho. A salvação não era conquista, era Graça.
            Daí, as palavras do Papa Francisco ao lançar o Jubileu da Misericórdia: “Precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado”.
            Uma perversão da mensagem cristã pode rebaixá-la a simples moralismo, a mera tábua de valores éticos, quando, na verdade, o Evangelho de Jesus supera toda ideia de mérito acumulado diante de Deus. Francisco insiste:
Diante da visão duma justiça como mera observância da lei, que julga dividindo as pessoas em justos e pecadores, Jesus procura mostrar o grande dom da misericórdia que busca os pecadores para lhes oferecer o perdão e a salvação. Compreende-se que Jesus, por causa desta sua visão tão libertadora e fonte de renovação, tenha sido rejeitado pelos fariseus e os doutores da lei. Estes, para serem fiéis à lei, limitavam-se a colocar pesos sobre os ombros das pessoas, anulando porém a misericórdia do Pai. O apelo à observância da lei não pode obstaculizar a atenção às necessidades que afetam a dignidade das pessoas”.
            Contas zeradas, faturas rasgadas, perdão distribuído – eis o programa de um Jubileu da Misericórdia. Perdoados no muito, por que não perdoaríamos no pouco?
Orai sem cessar: “Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia!” (Sl 85,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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