Quem é minha Mãe? (Mt 12,46-50)
Há muitas formas de maternidade.
Muitos tipos de parentesco. Há mães biológicas. Há irmãos adotivos. Há uma
família espiritual. E nem sempre os “irmãos de sangue” são aqueles com quem
temos maior afinidade... Neste Evangelho, Jesus vem ampliar nosso conceito de
“família”.
Os “irmãos” de Jesus (isto é, os
membros de seu clã, já que os semitas não dispunham de termos para designar
“primos”, “tios” e parentes próximos – cf. Bíblia Ecumênica, TEB, em nota a Mt
12,46) estavam assustados com a irradiação do ministério de Jesus, chegando a
duvidar de sua sanidade mental (cf. Mc 3,21). Procuram-no, pois, para tentar
detê-lo em sua missão. Maria, sem dúvida, acompanha-os a contragosto.
Mas Jesus aponta para a multidão que
o segue, atenta às suas palavras, e estendendo a mão num gesto amplo, diz
suavemente: “Eis a minha Mãe e meus irmãos... Todo aquele que faz a vontade de
meu Pai, esse é meu irmão, e minha irmã e Mãe...” Isto é - ensina Jesus -, o
Pai comum é quem irmana a todos os “filhos”. Quem obedece à sua Palavra está
incluído na “família”.
Antes que pensem usar esta passagem
para desmerecer a Mãe de Jesus, devo lembrar que ela é exatamente o modelo
perfeito dos que fazem a vontade do Pai. Ninguém como ela foi tão submissa e
abandonada aos desígnios divinos. Filha dileta, esposa do Espírito, foi ela que
assim respondeu à proposta de ser a Mãe do Filho: “Faça-se em mim segundo a tua
Palavra!” (Lc 1,38.)
Em Maria, a obediência à vontade de
Deus chegou a tal ponto, que gerou na carne o próprio Filho de Deus. Sua
maternidade chega a somar a vida biológica e a vida espiritual. Toda a sua
pessoa é colocada a serviço da missão que o Senhor lhe apresenta. Por isso
mesmo, a jovem Maria de Nazaré torna-se modelo e espelho para a ação e a
cooperação da Igreja com o Espírito Santo.
São Bernardo de Claraval comenta a
resposta de Maria ao Anjo: “Não se faça em mim a palavra escrita e muda, mas
encarnada e viva; isto é, não escrita em mudos caracteres, em peles mortas, mas
impressa vitalmente na forma humana em minhas entranhas castas, e isto não com
os traços de uma pena, mas por obra do Espírito Santo. Em suma, faça-se para
mim daquele modo que para ninguém se fez até agora, antes de mim, e para
ninguém se fará depois de mim.”
E nós? Somos da família de Deus?
Estamos dispostos a obedecer à vontade do Pai em nossa vida?
Orai sem
cessar: “Guardo no fundo do coração a vossa
Palavra!” (Sl 119,11)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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