Nenhum outro sinal... (Mt 12,38-42)
Há sempre alguém
condicionando o ato de fé a alguma “prova” que lhe dê sustentação. A notícia de
alguma suposta aparição atrai multidões de todos os quadrantes. Não lhes basta
o milagre da Criação nem a maravilha da Encarnação. O próprio Calvário lhes
parece pouco para mover seu ato de fé. Neste Evangelho, são os fariseus que
exigem um “sinal”, algum feito supranatural, para aderirem a Jesus.
Até o apóstolo Paulo
registrou esse vezo de querer algo maior que o sinal dado ao mundo no Calvário:
“Pois tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria. Nós,
porém, proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para
os pagãos”. (1Cor 1,22-23)
O mesmo Evangelho
mereceu o comentário de Santo Efrém de Nisíbia [306-373 d.C.]:
“Nosso Senhor deixou de lado os
reis e os profetas, suas testemunhas, e apelou para os Ninivitas. São eles que
julgarão aqueles que, depois de terem visto numerosos sinais, mesmo assim não
creem.
Jonas tinha anunciado a destruição
aos Ninivitas; inspirara neles o temor, semeara o espanto, e eles lhe
apresentaram o trigo da contrição e os frutos da penitência. Esses pagãos se
aproximaram de Deus e receberam a vida.
Se os Ninivitas tivessem
desprezado Jonas, teriam descido vivos à mansão dos mortos, tal como Jonas no
ventre do peixe. Como, porém, fizeram penitência, foram chamados da morte para
a vida, como Jonas. É assim também com o Senhor: ou bem os homens vivem por sua
morte, ou morrem por ela.
Para aqueles que pediam uma
pregação vinda do alto, nosso Senhor ofereceu uma pregação vinda das
profundezas, pois eles haviam ouvido uma pregação vinda do alto, mas não tinham
crido. Também a pregação sobe das profundezas, como a de Jonas saído do ventre
do peixe.
Nosso Senhor, por sua
ressurreição, saiu vivo do ventre da terra e enviou os apóstolos entre as
nações: sua pregação é a pregação da ressurreição que sobe das profundezas. Por
ela as nações se convertem e recebem a plenitude da vida. Assim é o sinal de
Jonas: uma palavra que veio das profundezas e que nos dá a vida.”
Pode-se ouvir, no fundo, o lamento
do próprio Deus: “Que mais eu deveria ter feito?” (Is 5,4)
Orai sem cessar: “Bem-aventurados os que não viram e creram!” (Jo 20,29)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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