Confiança, filha! (Mt 9,18-26)
Uma enfermidade que já durava doze
anos. E na linguagem bíblica o número doze sinaliza uma experiência completa,
uma ideia de plenitude. A infeliz já passara por tudo que lhe cabia passar.
Bebera seu cálice até o fim. Mas não perdera a esperança... Quando Jesus passa
por ela, a caminho da casa de um “figurão” dos judeus, a mulher resolve dar um
passo na fé. Ela crê que o Rabi é um homem de Deus. Sabe que ele já curou a
muitos. Em seu íntimo, ela pensa: “Se eu o toco, ainda que seja apenas no seu
manto, ficarei curada”.
Curiosamente, o Evangelho de Mateus
sugere que ela nem chegou a tocar Jesus, mas este se antecipa a seu anseio e
confirma sua fé: “Confiança, filha! A tua fé te salvou!” E no mesmo instante
ficou curada.
Certa vez, em viagem missionária,
visitei nosso núcleo de Irapuã, SP. Na oração da manhã, depois de cantar um
cântico a N. Sra. dos Impossíveis, sugeri que cada um dos presentes se
dirigisse à Mãe de Deus e colocasse em suas mãos o seu próprio “impossível”:
aquilo que jamais poderíamos resolver por nossos próprios meios e recursos.
Estava presente uma senhora, casada
há 12 anos (o mesmo número!), estéril, que recorrera à medicina, em vão, para
engravidar. Naquele momento, ele fez o ato de fé e entregou o seu “impossível”.
Um mês depois de voltar a Belo Horizonte, recebi um recado da Comunidade:
naquela mesma semana ela havia engravidado. Cerca de dois anos depois, voltei a
Irapuã e conheci o filho que o Senhor lhe dera, pela intercessão da Mãe
celeste. Mais uma vez, a confiança em Deus havia superado o impossível.
Há quem ria dessas coisas, fora e
dentro da Igreja. Assim como riram de Jesus quando chegou à casa do “notável” e
disse que a menina morta apenas dormia, entre os lamentos das carpideiras e a
música lúgubre dos flautistas. Depois de mandar sair os incrédulos, tomou-a
pela mão e a menina se ergueu com vida.
Ainda hoje, o amor de Jesus Cristo
continua a se manifestar em nosso meio, fazendo a vida nova brotar exatamente
onde se anunciava a morte definitiva: o mundo das drogas, a depressão profunda,
os casais separados. A você que sofre e não vê nenhuma saída humana, é a você
que Jesus repete neste instante: “Confiança!”
Pois nada é impossível para Deus...
(Lc 1,37.)
Orai sem
cessar: “Senhor,
vós mudastes meu luto em dança!” (Sl 30,12)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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