Como ovelhas sem pastor... (Mt 9,32-38)
O
evangelista registrou um momento especial da vida de Jesus: ao contemplar a
imensa multidão que buscava por ele, Jesus se comove. Seu coração se condói,
vendo que estavam abandonados por aqueles que tinham a missão de guiar o povo.
Era um rebanho sem rumo...
Que diria Jesus se visitasse hoje
nossas cidades? Se entrasse em nossas escolas? Se batesse à porta de nosso lar?
Veria, por acaso, o povo atendido em suas necessidades? Acharia os alunos bem
orientados pelos mestres? Encontraria nossos filhos encaminhados na fé e na
vida do Espírito? Creio, infelizmente, que sua dor seria a mesma...
Ser pastor é uma exigente missão.
Não saberemos cumpri-la sem a graça de Deus. Sem as luzes do Espírito Santo. Só
ele pode dar sabedoria à mãe que aconselha o filho. Só ele pode dar
discernimento ao dirigente que determina a política de seu governo. Só ele pode
dar fortaleza ao educador que navega contra a correnteza do mundo pagão.
Há quase 50 anos, contemplamos a
omissão dos “pastores” aos quais o Senhor confiou seu rebanho. Pais que abriram
mão de educar seus filhos na disciplina e na retidão, abandonando-os aos
caprichos da sociedade. Mães que não corrigem as atitudes fúteis e mundanas de
suas filhas, permitindo que se corrompam desde a adolescência. Professores que
não se comprometem pessoalmente com as necessidades de seus alunos, fazendo da
profissão um mero ganha-pão. Ministros de Deus que não têm tempo nem disposição
para visitar os doentes ou confessar os paroquianos. Maus pastores...
E Jesus nos deu o exemplo: sempre a
caminho, cercado pela multidão, sem tempo para repousar, sem ter onde apoiar a
cabeça, consumindo-se de amor. E para todos, ele tinha uma palavra de ânimo, um
olhar de misericórdia, um sopro de esperança de uma vida melhor. E cumulou seu
pastoreio ao dar a própria vida pelos amigos...
Por que será que ainda hesitamos em
seguir o seu exemplo? Por que ainda nos deixamos iludir com o sonho de viver a
vida para nós mesmos, em busca de projetos pessoais, pequenas diversões,
futilidades, enquanto ao nosso lado os filhos de Deus vagueiam sem rumo? Nosso
coração não se comove com tanta dor?
Orai sem
cessar: “Apascenta
as minhas ovelhas!” (Jo
21,17c)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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