Deixai vir
a mim as criancinhas! (Mt 19,13-15)
Em
geral, “ser criança” é uma desvantagem. Os mais velhos diziam: “Não se meta em
assunto de gente grande!” Ou advertiam: “Deixa de ser criança!” Certo jeito de
ser pode merecer críticas: “Fulano é muito infantil...”
Parece
que Jesus pensava diferente. Ele chega a dizer: “Se não vos tornardes como
crianças, não entrareis no reino dos céus!” (Mt 18,3) Sendo assim, deve alguma
vantagem em ser criança... Uma santa bem pequenina – a “pequena Teresa” – pode
ajudar-nos nesta compreensão. Ela escreveu em seus manuscritos autobiográficos:
“Quero
encontrar o meio de ir para o céu por uma via muito direta, muito curta, uma
pequena via, totalmente nova. Estamos num século de invenções. Agora, não é
mais preciso subir os degraus de uma escada, nas casas dos ricos um elevador a
substitui com vantagens. Eu também gostaria de encontrar um elevador para
elevar-me até Jesus, pois sou pequena demais para subir a íngreme escada da
perfeição.”
Teresinha
prossegue: “Procurei, então, na Sagrada Escritura a indicação do elevador,
objeto do meu desejo, e li estas palavras da eterna Sabedoria: ‘Quem for
pequenino, venha cá; ao que falta entendimento, vou falar’. Vim, então,
adivinhando ter encontrado o que procurava e querendo saber, ó Deus, o que
faríeis ao pequenino que respondesse a vosso apelo, continuei minhas pesquisas
e eis o que achei: ‘Como a mãe acaricia seus filho, eu vos consolarei, vos
levarei ao meu peito e vos acalentarei sobre meus joelhos”.
E a
pequena Teresa conclui: “O elevador que deve elevar-me até o céu são vossos
braços, ó Jesus! Para isso eu não preciso crescer; pelo contrário, preciso
permanecer pequena, e que o venha a ser sempre mais”. (Manuscrito C, 271.)
A
visão que Teresa de Lisieux nos repassa constituía, naquela época de áspero
jansenismo, uma autêntica revolução. Saía também do foco a imagem da escada de São
João Clímaco, gravada nos ícones do Oriente cristão, com seus 30 degraus
inclinados, representando as virtudes a serem galgadas com suor e sacrifício,
até atingir as nuvens celestiais.
Não
se conquista o céu. O céu é para ser acolhido como a criança acolhe os beijos
da mãe. E eu sei que os filhos crescidos nem sempre aceitam esses beijos. Pior
para eles...
Orai sem cessar: “Virei em socorro de
minhas ovelhas!” (Ez 34,22)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário