sábado, 13 de agosto de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Deixai vir a mim as criancinhas! (Mt 19,13-15)
           Em geral, “ser criança” é uma desvantagem. Os mais velhos diziam: “Não se meta em assunto de gente grande!” Ou advertiam: “Deixa de ser criança!” Certo jeito de ser pode merecer críticas: “Fulano é muito infantil...”

            Parece que Jesus pensava diferente. Ele chega a dizer: “Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus!” (Mt 18,3) Sendo assim, deve alguma vantagem em ser criança... Uma santa bem pequenina – a “pequena Teresa” – pode ajudar-nos nesta compreensão. Ela escreveu em seus manuscritos autobiográficos:
            “Quero encontrar o meio de ir para o céu por uma via muito direta, muito curta, uma pequena via, totalmente nova. Estamos num século de invenções. Agora, não é mais preciso subir os degraus de uma escada, nas casas dos ricos um elevador a substitui com vantagens. Eu também gostaria de encontrar um elevador para elevar-me até Jesus, pois sou pequena demais para subir a íngreme escada da perfeição.”
            Teresinha prossegue: “Procurei, então, na Sagrada Escritura a indicação do elevador, objeto do meu desejo, e li estas palavras da eterna Sabedoria: ‘Quem for pequenino, venha cá; ao que falta entendimento, vou falar’. Vim, então, adivinhando ter encontrado o que procurava e querendo saber, ó Deus, o que faríeis ao pequenino que respondesse a vosso apelo, continuei minhas pesquisas e eis o que achei: ‘Como a mãe acaricia seus filho, eu vos consolarei, vos levarei ao meu peito e vos acalentarei sobre meus joelhos”.
            E a pequena Teresa conclui: “O elevador que deve elevar-me até o céu são vossos braços, ó Jesus! Para isso eu não preciso crescer; pelo contrário, preciso permanecer pequena, e que o venha a ser sempre mais”. (Manuscrito C, 271.)
            A visão que Teresa de Lisieux nos repassa constituía, naquela época de áspero jansenismo, uma autêntica revolução. Saía também do foco a imagem da escada de São João Clímaco, gravada nos ícones do Oriente cristão, com seus 30 degraus inclinados, representando as virtudes a serem galgadas com suor e sacrifício, até atingir as nuvens celestiais.
            Não se conquista o céu. O céu é para ser acolhido como a criança acolhe os beijos da mãe. E eu sei que os filhos crescidos nem sempre aceitam esses beijos. Pior para eles...
Orai sem cessar: “Virei em socorro de minhas ovelhas!” (Ez 34,22)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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