domingo, 14 de agosto de 2016

PALAVRA DE VIDA

 O fogo e a espada... (Lc 12,49-53)
           O fogo queima. A espada fere. O fogo rechaça as trevas. A espada separa a mentira da verdade. O fogo cauteriza as feridas. A espada revela as intenções profundas. Jesus é ao mesmo tempo o fogo e a espada.

            Como diz André Louf, Jesus é sinal de contradição e pedra de tropeço contra os quais o ódio e o mal se chocam e são esmagados. Ele é a luz que não é recebida pelas trevas, profeta rejeitado por seu povo.
            Assim como o profeta Jeremias (primeira leitura da liturgia de hoje), Jesus “é essencialmente contestado pelo mundo ao qual se dirige. Sua presença inevitavelmente ateia um braseiro, exacerba o conflito e, como uma espada, volta-o contra si mesmo. A tal ponto que Jesus morre disso, primeira vítima da contestação que ele veio acender”.
            O agricultor nos ensina que é preciso ferir a terra se queremos que ela acolha a semente e dê muitos frutos. E a terra se deixa ferir pela lâmina do arado, colaborando para a futura colheita. Ferida, aerada, revolvida, eis a terra pronta a gerar a vida...
            Como observa André Louf, “existem rupturas que são necessárias para que a vida encontre um caminho. Rupturas e desapegos. A flor, por mais bela que ela seja, é efêmera. Ela deve murchar e cair para que o fruto apareça e amadureça. Uma vez maduro, o fruto não pode permanecer para sempre sobre a árvore, como sua glória e seu ornamento. O fruto será colhido, isto é, arrancado, ou se desprenderá por si mesmo.
            E se a semente no coração do fruto quer encontrar o caminho da terra, é preciso que ele se decomponha e apodreça. E se o grão quer germinar, é preciso que ele morra na cavidade do sulco. Só então ele dará fruto. Do contrário, permanece só, estéril, inútil...”
            Como se vê, é uma lei da existência. É preciso morrer para gerar a nova vida. Jesus nos alerta para a ilusão de uma espécie de “paz” que nos torna estéreis, um tipo de serenidade que nos imobiliza, uma forma de segurança que nos petrifica. É por isso que Jesus desperta a oposição de quem repele a vida, é alvo do ódio de quem teme as mudanças, sofre o combate de quem não quer um mundo novo.
            Enquanto isso, os santos caminham para a morte, certos da ressurreição...
Orai sem cessar: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo...” (Mt 3,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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