Seja vosso
servidor... (Mt 23,1-12)
Claro
que, neste mundo, precisamos de mestres e guias. Ninguém nasce sabendo. Mesmo a
sabedoria de Deus, em circunstâncias normais, chega até nós por meio de
mediações humanas e, não, por revelações angélicas ao som das trombetas
celestes.
O
próprio Filho de Deus, ao se encarnar, precisou das orientações e dos exemplos
de José, das lições e correções de Maria. Em suma, o que está no centro das
palavras de Jesus não é uma ordem para recusar os ensinamentos das autoridades
(inclusive da hierarquia eclesial!) ou para repelir a educação dos mais velhos.
Cada geração herda da anterior (e com ela aprende) um rico acervo de usos e
costumes, ferramentas de trabalho – como o idioma -, uma visão do mundo, uma
tábua de valores éticos e – não nos esqueçamos – a própria fé!
O que
Jesus nos ensina é que esses mestres e orientadores não são senhores, mas
servidores. O conhecimento, a experiência acumulada, o poder político e a
responsabilidade na família e nas comunidades devem ser vistos como
instrumentos de trabalho que dispomos ao serviço daqueles que nos foram
confiados. Tudo como um dom gracioso: “recebestes de graça, de graça dai!” (Mt
10,8.)
Além
de assim nos ensinar, Jesus encarnou ao extremo esse modelo de serviço ao
homem. Multiplicou os pães para a multidão, mas recusou-se a transformar as
pedras em pães que matassem sua própria fome. Arriscou-se diante das hienas que
queriam apedrejar a mulher adúltera, mas obrigou Pedro a guardar a única espada
que poderia defendê-lo dos soldados que o prendiam. Curou os males de leprosos
e paralíticos, mas rejeitou até mesmo a esponja de vinagre que poderia
anestesiá-lo na hora extrema do Calvário.
Assim
é Jesus: tem poder e sabedoria, mas para promover os outros, nunca a si mesmo.
Pode convocar legiões de anjos a seu serviço, mas recusa defender-se. Podia ser
aclamado como rei, mas sabia que era outra a sua missão.
Ai de
nós, que orientamos nossos filhos para a profissão mais rentável! Que desejamos
para nossas filhas o marido mais rico! Que julgamos estar fazendo favores
quando desempenhamos nossa função de servidor público! Que consideramos um
chato aquele que nos pede orientação e conselho! Que ficamos enfarados com
nossos próprios filhos...
Quando
começaremos a amar como Jesus?
Orai sem cessar: “Feliz o que se compraz
no serviço do Senhor!” (Sl 1, 2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário