Deus amou o mundo... (Jo 3,13-17)
“Cristo me
amou e se sacrificou por mim”, reconhece o Apóstolo Paulo (cf. Gl 2,20). Esta
“descoberta” parece comum a muita gente. Ao contemplar o Crucificado, muitos
fiéis pressentiram que tinham sido o alvo de um grande amor. E São João vem
confirmá-lo: “E como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os
amou.” (Jo 13,1.) Mas o Evangelho de hoje vai muito além. Não apenas amou “os
seus”, mas amou o “mundo”! E muitos cristãos aprenderam uma lição no mínimo
ambígua, que mandava odiar o mundo, fugir do mundo, desprezar as coisas do
mundo. Como desprezar aquilo que Deus ama?
Bem, é
preciso distinguir duas coisas diferentes: de um lado, o “mundo” enquanto
espaço fechado à graça e à luz divina, uma “sociedade” oposta a Deus (esse
mundo, de fato, tem o seu próprio Príncipe, o demônio – cf. Jo 12,31); e do
outro, o “mundo” enquanto criação amada por Deus, o conjunto da humanidade e
seu ambiente vital.
Ora, o mundo
experimentara uma decadência mortal. O Capítulo 3º do Gênesis fala de uma
intervenção maligna que induziu a humanidade a se afastar de Deus e sofrer uma
“degeneração” que se reflete em toda a Criação. O caos substitui a ordem que
emanava do Logos criador. Essa des-organização interfere na relação
homem/mulher, vicia as relações sociais, ameaça o próprio mundo material.
Natural, Deus
não ficaria indiferente à perversão de sua Obra. Demonstrando infinito amor ao
Pai, seu Filho, cheio do Espírito Santo, aceita assumir a carne dos mortais e,
experimentando toda a nossa natureza, exceto o pecado, se oferece no Calvário
em sacrifício de expiação. Sua obediência dilui a rebeldia do início e “tira”
de modo radical o pecado do mundo. Foi assim mesmo que o Precursor o
identificou: “Eis o Cordeiro (leia-se, a vítima) de Deus, que tira o
pecado do mundo”. (Jo 1,29.)
Os santos
comungaram desse amor e, por isso mesmo, dedicaram toda a sua vida a participar
da obra de salvação realizada por Jesus Cristo. Os missionários da linha de
frente e os enclausurados da retaguarda, todos se oferecem COM Cristo, porque
entenderam que Deus ama o mundo. Por isso mesmo, não ficariam neutros diante de
sua corrupção.
E quanto a nós?
Amamos também o mundo que Deus criou? Estamos dispostos a trabalhar por sua
salvação?
Orai sem cessar: “O Senhor é bom para com todos,
e sua misericórdia se estende a todas as suas obras.” (Sl 145,8)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário