sexta-feira, 9 de setembro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Então, enxergarás direito... (Lc 6,39-42)
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É bem humana a nossa inclinação a apontar os erros dos outros. Certamente, ao realçar os pecados de nossos irmãos, lançamos uma cortina de fumaça sobre os nossos próprios pecados. É como se os erros de terceiros viessem a nos consolar de nossas próprias falhas: “eu sou... mas quem não é?”
Até nossos filhos, quando repreendidos por seu comportamento impróprio (atitudes grosseiras, palavrões, roupas ousadas, pequenas trapaças, mentiras defensivas, colar nas provas...), tentam defender-se com o velho argumento: “todo mundo faz!”
Curiosamente, estamos sempre dispostos a estender um dedo acusador contra dirigentes corruptos e deputados que legislam em causa própria. Se, no entanto, examinarmos nossa vida pessoal, veremos que também estamos sempre dispostos a levar pequenas vantagens. Coisas banais, como “furar” a fila, regatear nas compras, gastar fosfatos para reduzir nossos impostos e – não podia faltar! – valer-nos de um “caixa 2”...
Fedro, um antigo fabulista latino, comentava que, quando entramos neste mundo, Júpiter, o deus supremo do panteão greco-romano, pendura em nós duas mochilas: em nossas costas, uma grande mochila, com nossos vícios pessoais; em nosso peito, outra mochila bem menor, com nossas virtudes. Daí, nossa facilidade em perceber e acusar os pecados alheios, fazendo vista grossa para os nossos...
No Evangelho de hoje, Jesus contrasta o pequeno (o cisco) e o grande (a trave de madeira). Apesar da enorme trave em nossos olhos, insistimos em denunciar o minúsculo cisco que atrapalha a visão do próximo. A sugestão do Mestre é que iniciemos um processo de conversão, fazendo penitência por nossas “traves”, purificando nosso olhar. Depois – quem sabe? – teríamos condição de ajudar os irmãos a enxergarem melhor.
Enquanto não aceitamos essa proposta, mereceremos de Jesus o rótulo de “hipócritas”: aqueles que usam máscaras, como os atores do teatro grego, simulando por fora sentimentos que, de fato, não existem em nosso íntimo. Como diriam nossos sábios avós: “por fora bela viola, por dentro pão bolorento”...
Que pena! A caridade não combina com críticas e acusações...

Orai sem cessar: “Diante de ti, Senhor, pões nossas culpas,
                              E nossos pecados ocultos à luz do teu rosto.” (Sl 90,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.


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