Geração perversa... (Lc 11,29-32)
Quando Jonas
– mesmo a contragosto – foi enviado por Deus aos habitantes de Nínive, sua
presença e mensagem sinalizaram para aquele povo que Deus lhes dava uma
oportunidade. Como acontece com as sociedades que dominam novas técnicas e
passam a acumular riquezas, Nínive experimentava grande decadência de costumes.
Assim, a mensagem de Jonas soava como ameaça iminente: “Mais quarenta dias e
Nínive ficará de pernas para o ar” (cf. Jn 3,4 – TEB).
Para
surpresa do próprio Profeta, todo o povo, inclusive o rei, fez jejum e
penitência, estendidos até aos animais irracionais. A corrupção moral não
chegara a cegar aquela sociedade. Corrompidos, sim, mas não pervertidos. Ainda
eram sensíveis às promessas da misericórdia. E Deus desistiu do castigo que
prometera.
No tempo de
Jesus, Israel estava sob a implacável dominação romana. A vida do povo era uma
vida dura e sofrida. Quando veio o Messias, sua mensagem foi acolhida sem
reservas e as multidões o seguiam. Mas os dirigentes da nação – políticos e
religiosos! – sentiram-se ameaçados com sua presença e seu Evangelho. De algum
modo, os poderosos se haviam acomodado à presença romana e, para dizer a
verdade, lucravam muito com essa coabitação. Por isso mesmo, rejeitaram o
Cristo e o levaram à cruz... Eis uma geração per-versa. Isto é, completamente
per-vertida, desviada do caminho.
Em nosso
tempo, não precisamos da presença de Jonas ou algum dos profetas. É que as
coisas já estão “de cabeça para baixo”: relações familiares, comportamento
sexual, utilização dos bens da Criação, distribuição das riquezas. Basta a
contemplação da realidade (mesmo sem profetas!) para nos dar a certeza de que
precisamos re-orientar nossa vida para Deus. Violência sem freios, deterioração
das metrópoles, corrupção dos legisladores, degradação ambiental, em suma, uma
cultura de morte...
O cenário
que se desenrola à nossa volta é aquilo que Jesus chamaria de “sinal dos
tempos”. Vemos esses sinais? Examinamos seu significado? Compreendemos que são
fruto de uma opção por viver sem Deus? Que eles manifestam a fratura da fraternidade
humana?
Ou também
nós merecemos o nome de “geração perversa”?
Orai sem
cessar: “Todos os
caminhos do Senhor
são misericórdia e verdade!” (Sl 25,10)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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